sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Entrevista com Presidente do SINDHORBS/MA, Paulo Coelho


Em entrevista ao Jornal Cazumbá o presidente do SINDHORBS-MA, Paulo Coelho, fala sobre as ações já realizadas e as planejadas para o ano de 2011, além de analisar o turismo do Maranhão e destacar a importância do maranhense Pedro Novais, Deputado Federal, ser o futuro Ministro do Turismo. Confira!

Jornal Cazumbá - Como você avalia o atual quadro turístico do Maranhão?

Paulo Coelho – Acho que pela primeira vez no Maranhão, principalmente em São Luís, o trade turístico nunca esteve tão bem relacionado e integrado. Mas o turismo precisa deslanchar realmente porque o empresário está fazendo a parte dele, está investindo em equipamentos, se modernizando e fazendo novos hotéis e restaurantes.

JC – E a cidade está acompanhando esse crescimento?

PC - O poder público não está acompanhando na mesma velocidade dos investidores, do poder privado. Queríamos, por exemplo, que os nossos cartões postais estivessem à altura, que nosso Centro Histórico estivesse pelos menos com o básico, pois sabemos que custa muito caro reformá-lo por completo, mas você dá policiamento ostensivo, segurança, infraestrutura é o mínimo. As mesmas questões em relação às praias, que é uma ilha e os turistas procuram sempre a praia e elas estão poluídas, sujas e impróprias para banho. Então, o poder público estar ficando para trás.

JC – Houve avanços nesses últimos dois anos?

PC
– Na verdade, não poderíamos citar dois anos. Existe uma lacuna em que o turismo deu uma parada, não sei se dois ou quatro anos. Os projetos de turismo não deveriam ser dos governantes e sim do turismo, é um absurdo que eles sempre terminem junto com os mandatos dos políticos. Que eles sejam contínuos, independente de partidos políticos.

JC - Os bares e restaurantes de São Luís estão cumprindo a Lei estadual nº 9.010/09, que proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos e outros produtos fumígenos, em recintos fechados. O SINDHORBS-MA tem feito alguma ação para conscientizar empresários de estabelecimentos de uso coletivo, e seus respectivos clientes, quanto à lei antifumo?

PC – Sim. Temos dado uma orientação contínua aos empresários que nos procuram, orientando como eles devem proceder em relação à lei antifumo e a melhor maneira de se adequar a ela. E, também, através de entrevistas, jornais, procuramos divulgar e conscientizar os associados e consumidores da necessidade dessa Lei.

JC – O cenário econômico mundial atinge diversos setores com diferentes graus de intensidade, onde o hoteleiro teve um grande desafio, buscar novas demandas de hospedes,uma vez que, devido ao baixo dólar, os brasileiros estão viajando muito para o exterior. Nesse contexto, o Maranhão está capacitado para atender a demanda turística?

PC – O Maranhão tem capacidade para receber os turistas. Como já disse, estamos com problema de infraestrutura, a gente quer que pelo menos o mínimo esteja feito, como iluminação pública, segurança, praias, rede de esgoto, enfim algumas ações pontuais. JC - Um dos projetos de grande sucesso do Sindicato é o Fim de Tarde, que acontece toda última quinta-feira de cada mês na sede do sindicato, visando interação com os associados.

JC - Qual o balanço dessa iniciativa?

PC – Esse projeto surgiu porque todas as vezes que nós fazíamos reuniões para discutir, principalmente, nossa convenção trabalhista, os associados enveredavam por conversas paralelas e ia todo mundo trocando figurinha a respeito dos hotéis, dos restaurantes, do trade. Então vimos que isso atrasava a nossa negociação.Por isso, resolvemos fazer na última quinta-feira de cada mês o Fim de Tarde no Sindicato.

JC - Como entidade que luta por um turismo sustentável, o SINDHORBS-MA é parceiro do projeto de Combate ao Turismo Sexual contra Crianças e Adolescentes em São Luís, executado pelo Centro de Defesa Pe. Marcos Passerini (CDMP). Além de ações como esta, o que pode ser feito para conter
essa prática?

PC – Nós somos pioneiros, antes dessa lei, dessa divulgação toda sobre o turismo sexual, o Sindicato já foi na vanguarda e saiu com todas as placas, fomos os primeiros. Tanto que quando o Ministério Público nos procurou para ajudá-los eles já sabiam que nós já tínhamos uma campanha através de placas afixadas em bares, restaurantes e motéis, indicando o número 100 para denúncia, o número da lei e as sanções que cada associado teria se permitisse a entrada de menores.

JC - O Banco do Nordeste disponibiliza uma linha de financiamento para o segmento de Hotéis, Restaurantes e Bares. O SINDHORBS-MA já teve até algumas reuniões com a diretoria do Banco. O que é necessário para obter esse financiamento?

PC – Esse financiamento está aberto, existe crédito, fizemos cerca de duas reuniões com o Banco do Nordeste. O único problema que eu vejo como empresário é a questão da garantia, como qualquer banco ele exige garantia. Inclusive eu questionei o presidente do banco sobre isso, porque vai lá uma pessoa que tem toda a vontade de abrir um empreendimento, mas não tem a garantia e se ele tem a garantia ele não precisa abrir nada, ele já tem o próprio dinheiro, então ele não vai precisar de banco se já tem capital de giro.

JC - Como está a atuação do SINDHORBS-MA em solo maranhense, tem algum trabalho em outras cidades do Estado?

PC – No ano passado e nesse nós trabalhamos intensamente, durante cinco anos, para conseguir nossa carta sindical que transforma o Sindicato de Hotéis e Restaurantes de São Luís em Sindicato do Maranhão. Creio que até o final desse mês nós receberemos essa carta e isso vai fazer com que nós possamos trabalhar com outros municípios.

JC - Como o SINDHORBS-MA tem colaborado com o setor, principalmente no que se refere à qualidade no atendimento e da competitividade dos serviços de alimentação e hospitalidade?

PC – Temos contribuído através da nossa Federação de Hotéis. Eles nos proporcionaram um curso chamado Qualifica Brasil. Já conseguimos formar cinco turmas, cada uma com 30 alunos, que aprendem sobre Segurança Alimentar, Gestão Financeira e Qualidade no Atendimento. Inclusive, através desse curso, nós fomos eleitos o melhor sindicato em Gestão da Qualidade do Brasil. Nós concorremos com 65 sindicatos, filiados a nossa federação, e deles o Sindicato do Maranhão tirou o primeiro lugar.

JC - Esse prêmio vem trazer uma maior responsabilidade. De que maneira vocês estão tirando proveito desse reconhecimento a nível nacional?

PC – Nós já conseguimos muitas coisas pra cá, uma delas foi a visita do presidente da Federação, Alexandre Sampaio. Existem 65 sindicatos. Ele foi eleito em junho e já escolheu o Maranhão para fazer uma visita. Deixou de ir a sindicatos poderosíssimos no sul do país e veio para cá, porque nosso trabalho é referência em todo o país. Estamos conseguindo também novas turmas do Qualifica Brasil. O Maranhão foi o Estado que mais formou turmas. Estamos também com o Programa Bom de Copa, que como São Luís vai ser uma cidade satélite da Copa, existe esse programa da Federação para treinar mão-de-obra, como os garçons e taxistas para falar um pouco de inglês, por exemplo.

JC - Você falou que São Luís será uma das cidades satélites da Copa e o SINDHORBS-MA já está se preparando para atender a demanda. Existe lguma parceria com a iniciativa pública, visando melhorias nesse atendimento?

PC - Por enquanto não. Mas nós vamos provocar a partir do ano que vem. Graças a Deus o Maranhão está de parabéns, porque o Ministro é do Maranhão e a Governadora já prometeu também que esse será o melhor governo da vida dela e nós vamos cobrar. Então, nessa conjuntura é mais justo que o turismo venha a reboque.

JC - Não é um contrasenso quando o empresariado busca o deslanchamento turístico do Estado e a Governadora disse que vai fazer o melhor governo da vida dela e não chamou ainda o empresariado do setor para uma conversa?

PC – Tudo tem o seu tempo. A gente queria que essa conversa já houvesse existido, mas quem aqui do Maranhão sabe dos percalços que fizeram nesses quatro últimos anos, várias mudanças de liderança do governo, enfim, não foram quatro anos tranquilos. Então, como já disse, tem que se fazer um projeto para o turismo e não para o governante.

JC - Você disse que o empresariado visa a permanência dos projetos para o turismo. Que tipo de colaboração vocês estão dando?

PC - Nós estamos vendendo o Estado fora. Nós temos projetos junto com as secretarias de Turismo do Estado e município, e nos unimos a ABIH-MA para ficarmos mais fortes. O hoteleiro e o pessoal dos restaurantes está fazendo a parte dele. Então não pode parar. O consultor Mario Petrocchi sempre diz que “o Rio de Janeiro é o Estado do país que mais recebe turistas. A ocupação hoteleira o ano inteiro é 98%, mas quando você desembarga no Galeão é um cheiro horroroso, uma lagoa fétida, a segurança não precisa nem falar. Lá tem todos os problemas do mundo e o turismo sempre está em alta”. Então porque no Maranhão as coisas não acontecem? Nós vamos conseguir.

JC - E a recondução de Tadeu Palácio ao cargo de Secretário de Turismo. Como Vocês vêem isso?

PC – A gente sabe que existem cargos políticos, então precisamos de uma maior mobilidade dele em relação a Governadora para fazer com que os projetos comecem a acontecer.

JC – Quais os futuros desafios do SINDHORBMA?

PC – Nosso principal desafio será os 400 anos de São Luís. Estamos fazendo um projeto junto com as outras entidades para promover um grande evento nessa data.

JC - O que ainda falta em São Luís e no Maranhão? Que ações poderiam ser feitas para promover o turismo maranhense?

PC – Há muito tempo que dizem que o “Maranhão é o segredo do Brasil”, só que as pessoas não estão descobrindo esse segredo. Essa frase é antiga e estamos para trás. 70% do turismo aqui é corporativo, as pessoas vem para reuniões, congressos e não aproveitam a cidade. Se for em cidades como Rio de Janeiro, Recife, você vê turista realmente nos atrativos e aqui na Litorânea e Centro Histórico você vai ver pessoas da comunidade e não turistas. Temos que inverter essa situação. Nós vendemos lá fora, mas as pessoas não são bobas, elas vem e fazem propaganda do que viram e nós estamos com o Centro Histórico decadente, prédios desabando e lá é o nosso cartão postal. Então isso tem que mudar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário