segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Oh! Vida difícil a vida de empreendedor

Às vezes me pergunto: porquê à vida dos empreendedores é tão difícil? São taxas disso ou daquilo que encarece toda e qualquer iniciativa de produção, seja na área de serviços, conhecimento, industrial ou produção. São infindáveis taxas e licenças a serem pagas que, ao final de cada mês, muitas das vezes os ganhos auferidos são inferiores aos custos do produto ou serviço produzido.

E isso num país que se dá ao luxo de descartar mão de obra jovem, quer seja, por falta de experiência ou por aposentadoria compulsória numa idade que o indivíduo ainda está apto a produzir e se aposenta, vai viver de “aposentadoria”, que quase sempre não custeia seu sustento.

Culpa de quem? Culpa do governo que não incentiva o empreendedorismo e nem o trabalho de quem realmente quer produzir. Resultado: ruas invadidas por camelôs de todas as idades. São crianças, jovens e idosos que sem perspectiva de um trabalho decente, vivem de vender bugigangas de produtos sem qualidade, produzidos a custas de trabalho escravo que enchem nossas casas de produtos “made in china” e esvaziam fábricas brasileiras que se veem obrigadas a demitir trabalhadores. Hoje, é comum encontrar pessoas de 35 anos fora do mercado de trabalho, que não é aproveitada por ser “velha”, assim como também encontramos jovens de 16 a 25 anos fora deste mesmo mercado por falta de experiência.

Estimular o empreendedorismo é fonte crucial para o desenvolvimento de uma região ou até mesmo de um país. Cada pessoa que tem iniciativa de produzir algo deveria ser olhada com outros olhos pelo poder público. Todos os dias se tem conhecimento de iniciativas que mudariam a vida de muita gente, mas que morre no nascedouro por falta de um apoio ou incentivo do poder público.

A burocracia tem a cada dia engolido o desejo de muitos empreendedores em fazer o diferente, gerar trabalho e renda para suas localidades. A gula do governo tem sido outra razão que tem inibido as pessoas que querem enveredar pelo caminho do empreendedorismo. Os impostos são cada vez mais crescentes, onde os que se aventuram em fazer o certo tem sido forçados a enveredar por caminhos da informalidade que, consequentemente, deixa de criar empregos e faz a roda da economia girar, perdendo assim o país, que vê seu capital saindo pelo ralo da importação ilegal e só tem gerado desemprego e corrupção.

Portanto, cabe uma mudança de postura dos governos, que incentivem a criação de novas empresas, baixando os custos e impostos, pois é muito caro o que se paga a cada dia e o retorno é quase nenhum.
Para ilustrar as dificuldades enfrentadas para se abrir um negócio ou prestar algum tipo de serviço, segue a estória do Noé da Silva, que não há nenhuma semelhança com o empreendedor brasileiro, talvez haja apenas uma mera coincidência.

Noé da Silva: candidato a empreendedor

Um dia, o Senhor chamou Noé da Silva ordenou-lhe: "Dentro de seis meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que todo o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira".

No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé da Silva chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar, furiosa, entre as nuvens:

- Onde está a arca, Noé?

- Perdoe-me, Senhor - suplicou o homem - Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas. Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura, mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha do prefeito à reeleição. Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimos, mesmo aceitando aquelas taxas de juros. Afinal, nem teriam mesmo como me cobrar depois do dilúvio. O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contornar, subornando um funcionário.

E continuou: - Começaram então os problemas com o IBAMA para a extração da madeira. Eu disse que eram ordens suas, mas eles só queriam saber se eu tinha "projeto de reflorestamento" e um tal de "plano de manejo". Neste meio tempo, o IBAMA descobriu também uns casais de animais guardados em meu quintal. Além da pesada multa, o fiscal falou em "prisão inafiançável" e eu acabei tendo que matar o fiscal, pois para este crime a lei é mais branda. Quando resolvi começar a obra na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um engenheiro naval responsável pela construção. Depois, apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano. Veio em seguida a Receita Federal, falando em "sinais exteriores de riqueza" e também me multou. Finalmente, quando a Secretaria de Meio Ambiente pediu o "Relatório de Impacto Ambiental" sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil. Aí quiseram me internar num hospital psiquiátrico!

Noé da Silva terminou o relato chorando, mas notou que o céu clareava.
- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?

- Não! - respondeu a voz entre as nuvens - Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde! Alguém já se encarregou de fazer isso.

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