sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ação de ativistas denuncia abandono da Fonte do Ribeirão

A Fonte do Ribeirão, um dos mais importantes cartões postais da cidade, localizada no Centro Histórico de São Luís, na esquina das ruas dos Afogados e do Ribeirão, vive um dos seus piores momentos. Abandonada pelo poder público municipal, agoniza em frente a uma fundação que se intitula de cultural (FUNC). Suas carrancas, em pedra lioz, de origem portuguesa, estão entupidas, o pátio interno do monumento se encontra imundo, pois o local se tornou abrigo de desocupados que lavam suas roupas, tomam banho, urinam e defecam ali, sem que as autoridades tomem a mínima providência sobre essa lamentável situação.

Para que se tenha uma clareza maior acerca do problema, cabe informar que a Fonte se encontra na área de tombamento federal. Cabe ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN realizar as restaurações dos bens tombados, enquanto que a conservação cabe ao poder público municipal, representado pela Prefeitura de São Luís. Nesse caso específico, o órgão ficaria responsável pela limpeza da Fonte, obrigação da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos – SEMOSP, e pela segurança do local, que ficaria a cargo da Guarda Municipal. Quando um desses órgãos é questionado sobre o assunto, joga a responsabilidade para o outro e nada se resolve. O entupimento das carrancas é de responsabilidade da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão – CAEMA.

Inconformados com a apatia do poder público, um grupo de artistas, moradores da área e simpatizantes resolveu agir e criou o movimento “Acorda Serpente”, uma alusão a uma das lendas mais significativas de São Luís. Diz a lenda que existiria uma serpente encantada que vive nas galerias subterrâneas da cidade e que a mesma cresce indefinidamente. Sua cabeça estaria na Fonte do Ribeirão, sua barriga por baixo da igreja do Carmo e a ponta da cauda na igreja de São Pantaleão. O movimento começou com um modesto café da manhã servido no dia 1º de fevereiro na parte externa da Fonte, reunindo artistas como Márcio Vasconcelos, Celso Borges, Chico Maranhão, Kátia Dias, Eduardo Cordeiro, Ana Borges, Christian Knepper, a trupe do Laborarte, Xama Teatro e Cia. Tapete, além da jornalista e ativista cultural Marília de Laroche, uma das articuladoras do movimento.

A ideia cresceu, circulou pela internet e na última quinta-feira, 10 de fevereiro, uma nova ação reuniu mais de uma centena de pessoas, dentre poetas, fotógrafos, artistas plásticos, atores, cineastas, moradores da área e simpatizantes. Novamente foi servido um café aos presentes, foi feita uma limpeza da fonte pelos presentes, ocorreram apresentações de Tambor-de-Crioula, performance do ator Uilmar Júnior com a ‘mulher babaçu’, performance com uma serpente de tecido, exposição de fotografia, participação da cantora Rosa Reis que entoou o Hino de São Luís, de autoria de Bandeira Tribuzi, e sonorização com o DJ Pedro Sobrinho.

Preocupada com a repercussão do movimento, a Prefeitura mandou uma equipe despreparada pintar de cal a parte externa da Fonte. A emenda saiu pior do que o soneto. O serviço foi de péssima qualidade, a tinta escorreu e manchou a parte das paredes pintadas de azul. As primeiras reivindicações feitas pelos ativistas para a Fonte do Ribeirão são: um guarda municipal pela manhã e outro à tarde para regulamentar o uso da Fonte, limpeza diária da Fonte e de seu entorno e colocação de um coletor de lixo que não interfira na imagem do monumento, limpeza da tubulação da Fonte para passagem da água pelas carrancas, pintura da Fonte, urgente, de forma competente e não de forma emergencial e sem critério algum, requalificação do entorno da Fonte, com a retirada do asfalto e colocação de calçamento original de pedra como já existe em frente ao monumento e em uma de suas ruas laterais.

A próxima mobilização já está com data marcada. Será no dia 25 d fevereiro, às 17h30. O 2º Ato pela Fonte já tem nome: SARAU com VARAL, que apresentará declamações de poesia e exposição de fotos em varais, expostos nas paredes da Fonte.

Um comentário:

  1. MUDA SLZ
    Louvável ação deste grupo de Ludovicenses que tomaram a iniciativa de realizar um movimento pela dignidade de mais um dos Monumentos Históricos de São Luís que estão abandonados, a Fonte do Ribeirão.
    Este magnífico Patrimônio tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional) já teve seus dias de gloria ao ter sido uma das principais fontes de abastecimento de água potável da cidade.
    Espero sinceramente que esta louvável ação tenha provocado algum tipo de sensibilização por parte da PMSL, mais existem três situações básicas para que não aconteça nada:
    1. A Administração Pública Municipal vai se acomodar com estas ações e pode terminar transferindo para alguns setores da população de São Luís a sua obrigação primordial, cuidando ainda menos do que já pouco cuidava;
    2. Ao continuar o descaso estes Nobres Cidadãos que participam das ações entrarão num clima ainda pior de desânimo e descontentamento, abandonando as suas iniciativas ainda mais frustrados;
    3. E a pior de todas as situações é que mais de 99 % da população de São Luís não está sensibilizada com o descaso e abandono do Exuberante e Extraordinário acervo histórico de São Luís nem com conservação da cidade.
    Sou um ferrenho crítico da falta de sensibilidade e Cidadania de parte da Administração Pública Municipal, mais temos que colocar as coisas no seu devido lugar, a Prefeitura Municipal de São Luís tem por OBRIGAÇÃO administrativa, cívica e moral de manter a cidade limpa (Limpeza Pública) e conservada (Manutenção do Patrimônio Histórico e da cidade), mais a População tem o DEVER cívico e moral de também conserva-la limpa e preservada, coisa que está muito longe do ideal por ambas as partes.
    Quando se realiza alguma obra ou melhoria na cidade, automaticamente entram poderosas forças negativas a agir: 1ª.- A PMSL não tem o mínimo sentido do que representa a palavra “Manutenção Preventiva”, realiza a “obra” e pronto, acabou-se! 2ª.- Caso esta obra consiga por milagre divino passar em bom estado até a próxima Administração aí entra a etapa da Desconstrução, para poder acusar ao antecessor de que nada fez e fazer tudo de novo. 3ª.- E nesse meio tempo atua a mais poderosa de todas as forças do mal, a falta de Cidadania da População a qual não tem obra que resista.
    Se não se combate à falta de Cidadania, de Educação Histórica e de Educação Ambiental, desde o Maternal, dificilmente se conseguirá que os Ludovicenses tenham a sua Auto Estima suficientemente elevada ao ponto de gostar e curtir a sua cidade e sentir orgulho do legado que gerações de desbravadores e intrépidos conquistadores deixaram na da força de suas vidas, suor e lágrimas, inclusive pagando com a própria como no caso de Manoel Beckham, o Bequimão.
    Devemos lembrar de que quem está na Administração Pública Municipal é um também um Cidadão Ludovicense.
    Serafín Fernández M. Layola
    Guia de Turismo Regional – MA
    Reg.(MTur) 0498930181

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