sexta-feira, 29 de julho de 2011

Qualificar taxistas e combater o serviço dos "táxis-piratas" é desafio para os 400 anos de São Luís


Nossa capital está prestes a completar 400 anos de fundação. E temos muitos desafios pela frente. Um deles é melhorar a qualificação dos taxistas da capital. Não é raro observar turistas que visitam a cidade reclamarem do serviço de táxi local. Em muitas reportagens ou mesmo em conversas informais, eles disseram não ter recebido informações corretas sobre atrativos da cidade e opções de passeio. Além disso, a mão de obra bilíngue é escassa. Grande parte dos taxistas da cidade não fala outra língua para atender o público estrangeiro.

Para enfrentar o desafio que traz oportunidades, a Prefeitura de São Luís, por meio das secretarias municipais de Turismo, (Setur) e de Trânsito e Transporte (SMTT), oferecem curso de inglês e informações turísticas para taxistas da capital, a fim de que exerçam bem seu papel e sirvam com qualidade à população e aos turistas. O curso é uma das atividades do projeto “Taxista Anfitrião - O Amigo do Turista”, que faz parte do Plano de Qualificação Profissional em Turismo (Qualitur), que tem por objetivo contribuir para a prestação de serviços e informações e uma boa acolhida ao turista estrangeiro que, via de regra, se comunica em inglês, ao mesmo tempo em que valoriza o profissional taxista que estará apto a receber esse público específico com mais qualidade.

O projeto está inserido
no programa “São Luís 400 anos”,
que visa melhoria na
prestação de serviços e produtos
vinculados ao setor turístico em São Luís.
Em entrevista ao blog, o secretário municipal de Turismo, Liviomar Macatrão, explica que “o Taxista Anfitrião é um projeto de capacitação e certificação dos taxistas, visando os 400 anos de São Luís. A meta é tornar, até 2012, cerca de 400 táxis em frota nova e capacitados com mapas, guias turístico e gastronômico, com informações para atender o turista da melhor maneira possível. Por isso, estamos chamando o taxista anfitrião de amigo do turista. Ao final do treinamento, os profissionais receberão adesivos com o título Taxista Anfitrião – O amigo do Turista, que será um diferencial para que o visitante escolha um serviço de qualidade”. Segundo o titular da pasta, até o momento, 120 profissionais já foram capacitados com os cursos oferecidos pelas secretarias e cerca de 21 táxis já receberam o selo “Taxista Anfitrião – O amigo do Turista”.

A iniciativa é louvável. Nossa cidade precisava, de fato, de um trabalho de resgate da qualificação da classe dos taxistas que, por muito tempo, ficou relegada a uma situação de informalidade. Tanto a Setur como a SMTT estão dando um passo importante para resgatar o cartão de visitas da cidade, que são os taxistas, haja vista que eles são o primeiro e o último contato do turista na cidade, por isso a urgência em melhorar a qualificação dessa categoria e capacitá-los para atender, da melhor forma possível, o turista. Não há dúvidas, que com uma boa capacitação esta categoria será muito mais receptiva do que já é. Eles serão mais úteis aos turistas conhecendo o básico de inglês, conhecendo pontos turísticos, e passando informações corretas sobre os atrativos da cidade. Espera-se que essa iniciativa continue e que outros gestores tomem como exemplo, afinal a indústria do turismo é a que mais gera emprego no mundo e, por isso, deve ser estimulada e fortalecida.

Outro desafio para os 400 anos de São Luís é combater o serviço dos "táxis-piratas" na capital. A situação acontece em várias partes da cidade. Esses veículos não são regularizados e muito menos seguem as normas da administração municipal. Em contrapartida, cobram taxas menores e geralmente fazem percursos semelhantes aos dos ônibus, sendo uma tentação e tanto para quem está longe de vivenciar um serviço de transporte coletivo adequado.


José Antônio Pereira, presidente do Sinditaxi

O presidente do Sindicato dos Taxistas de São Luís (Sinditaxi), José Antônio Pereira, em entrevista ao blog, alerta que esse tipo de transporte pode ser bem perigoso, principalmente para os turistas que visitam a cidade, já que os veículos não são devidamente identificados. “É gente que pinta a placa do carro de vermelho e às vezes nem usa taxímetro. Pode até cobrar menos, mas o desconto não compensa a segurança. Se o veículo não dispõe de um taxímetro, fica difícil provar que a corrida realizada realmente corresponde àquele valor. Além disso, caso cliente esqueça algum item de valor dentro do carro ou tenha alguma reclamação, não terá a quem recorrer”.

Para resolver o problema, o presidente do Sindicato dos Taxistas, disse que tem participado de reuniões constantes com as autoridades competentes para manter a fiscalização e detectar os motoristas que transportam passageiros na capital sem a devida permissão da SMTT e sem a aquisição obrigatória do selo de qualidade junto ao órgão. Importante ressaltar que esse selo renova a permissão de funcionamento do veículo, e é um fator a mais a coibir a existência de veículos piratas e combater dessa forma o exercício ilegal da profissão. “Hoje temos blitz constantes, quase toda semana, para combater essa prática que é incomodativa para a classe e causa sérios prejuízos. Desde o ano passado a SMTT vem percorrendo com viaturas os pontos apontados pelo sindicato e apreendido os veículos identificados como clandestinos.”

Apesar da fiscalização, a verdade é que, na prática, continua sendo muito fácil encontrar nas ruas da capital a oferta desse tipo de serviço, inclusive em pontos turísticos, seja através de uma abordagem direta ou da distribuição de panfletos. Boa parte dos pontos está localizada próximo a espaços tradicionalmente utilizados para eventos, como o Multicenter Sebrae e a Praia Grande. Os demais estão em locais de grande circulação de pessoas, como Forquilha e Anel Viário. Também há postos escondidos em bairros de periferia. Eles são atraídos pela grande concentração de pessoas nesses bairros, saindo de festas, bares, motéis ou locais de trabalho. O horário mais comum de circulação desses veículos é de madrugada, com as ruas mais desertas e a fiscalização mais escassa. E o taxista regularizado é o que mais perde com esses táxis clandestinos, pois apesar de estarem pagando para prestar um serviço legalizado, amargam quedas no faturamento por conta dos táxis-piratas. Por dia, cerca de três mil corridas são retiradas dos trabalhadores legalizados por esses motoristas clandestinos, tomando como média um número de seis corridas diárias. Cada corrida a menos nos legalizados significa menos imposto arrecadado pelos cofres públicos, pelo sindicato da categoria e menos clientes para os trabalhadores legalizados.

Outro problema é que a identificação de um táxi ilegal é mais difícil a cada dia. A clonagem e a falsificação dos documentos e aparelhagens está se tornando mais eficiente e simples. O motorista que deseja ter um táxi sem legalizá-lo emplaca normalmente o seu carro e pinta a placa de vermelho, que é a cor característica da placa de táxi. Também clona de algum outro veículo o adesivo onde está o número de identificação do táxi. Com isso consegue comprar taxímetros, às vezes adulterados e por meios ilícitos. Tem ainda casos de motoristas ilegais falsificarem carteiras do sindicato para mascarar a legalidade ao cliente. Os principais motivos para a existência desses táxis clandestinos é a facilidade para ganhar dinheiro sem pagar impostos. Ao encontrar-se desempregado, por exemplo, um trabalhador vê na ilegalidade uma forma de obtenção rápida de fácil de dinheiro.

E com a proximidade da comemoração do quarto centenário da capital em 2012, onde muitos de turistas estarão em busca de serviços de transporte, fica difícil imaginar como a circulação desses veículos ilegais será controlada. E vale lembrar que não é apenas o prejuízo ao taxista legalizado que está em jogo. Essa prática envolve também questões como segurança e a imagem da cidade em termos de serviço. Trabalhar agora em ações que amenizem essa prática parece mesmo o melhor remédio para a casa já estar organizada quando o evento começar.

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