quarta-feira, 20 de junho de 2012

Rio+20 e o lixo em São Luís

Uma das reuniões mais importantes entre as já realizadas na Rio+20 aconteceu ontem e debateu, preferencialmente, um problema que diz respeito diretamente ao cidadão comum das áreas urbanas: o lixo. O evento reuniu prefeitos de todas as regiões do planeta e gestores de cidades de grande, médio e pequeno porte, todos focados em alguns temas essenciais para a sobrevivência das urbes, mas evidenciando preocupação maior com o recolhimento, o tratamento e o destino de milhões e milhões de toneladas de lixo produzidas diariamente nas áreas urbanas.

No encontro, foram denunciadas situações dramáticas, feitas avaliações pragmáticas e apresentadas propostas de solução que vão das já conhecidas - o lixo seletivo, por exemplo -, passando pelas mais identificadas com o momento - a transformação industrial a partir da seleção -, até algumas de caráter futurista, como a exportação de resíduos imprestáveis para fora do planeta. Após intensos debates, um dos participantes fez uma avaliação entre preocupada e otimista e cujo resumo é o seguinte: existem meios eficientes e tecnologias suficientes para; faltam, porém, recursos e, em muitos casos, vontade política de dar ao problema solução definitiva.

A discussão do problema lixo ocorrida ontem na Rio+20 refletiu, em todos os seus aspectos, a situação de São Luís nos dias atuais. Já abrigando mais de 1 milhão de habitantes, integrante, portanto, do grupo das estruturas urbanas de médio porte, a capital do Maranhão é um exemplo acabado da cidade que ainda não sabe o que fazer com as 720 toneladas de resíduos que produz diariamente. Tão grave é a situação que no momento a Prefeitura tenta organizar o sistema de coleta, o que faz por meio de empresas terceirizadas, já que o sistema primário foi desagregado com o desmonte, criminoso e sistemático, da Coliseu, nos anos 90. O destino do lixo de São Luís é um aterro sanitário estrangulado e insuficiente e que, para muitos, já começa a se transformar numa espécie de bomba-relógio de médio prazo.

O problema do lixo em São Luís é de gravidade extrema porque não se limita à coleta. Muitas das áreas periféricas não são alcançadas pelo benefício da limpeza urbana e reagem formando lixões a céu aberto, nas imediações de moradias, num processo que atinge implacavelmente áreas verdes, rios e o mar. A maioria dos rios e córregos que cortava a Ilha de São Luís morreu sufocada e os que sobreviveram estão agonizando, transformados em depósitos de detritos e rejeitos. O Rio das Bicas, por exemplo, tem parte da sua superfície coberta por sujeira sólida, principalmente materiais plásticos, e caminha para a morte, sem que ações determinadas tentem efetivamente evitá-la.

Não se diga que a complicada realidade do lixo em São Luís não esteja sendo equacionada pela gestão municipal. A lentidão, por parte do Município, na tomada de decisões abrangentes, faz que a cidade continue convivendo com um problema que se agrava, sem sinais de que uma solução, pelo menos parcial, esteja próxima. Daí o registro da discussão de ontem na Rio+20, que pode servir de referência para os atuais e futuros gestores da Capital do Maranhão.

Jornal O Estado do MA

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