segunda-feira, 18 de junho de 2012

SUGESTÃO E APELO

Embora residente em Brasília há muitos anos, visito com certa frequência nossa capital. Em uma das últimas vezes em que lá estive fui surpreendido mais uma vez por um acontecimento que me deixou entristecido e indignado. Tomei conhecimento de que o Shopping Colonial, na Rua Grande, tinha sido desativado. O fato de sua instalação já foi motivo suficiente para que aqueles que amam a cidade lamentassem. Um quarteirão inteiro, composto de dezenas de casas centenárias, foi demolido para dar lugar a um centro comercial que agora já não mais existe. Algo realizado sem o devido planejamento e licenciado açodadamente sem a conveniente visão de responsabilidade histórica, é o que me parece. Restaram apenas as fachadas, para dar a ilusão de que nada havia mudado.  Uma perda irreparável. Mais um crime perpetrado contra o patrimônio valioso que possuímos.

Preocupado com o destino a ser dado àquele espaço, tomei a liberdade de apresentar uma sugestão às autoridades (Prefeitura, Associação Comercial, IPHAN). Acredito que não tenha sido uma boa sugestão, haja vista que não obtive a esperada atenção. Às vésperas do quadricentenário de fundação de nossa capital, volto ao assunto na esperança de que desta vez minha voz seja ouvida.

As ruas da cidade antiga vivem repletas de ambulantes que, além de conturbarem o livre trânsito das pessoas, concorrem de forma desleal com o comércio legitimamente constituído. Não seria viável a utilização daquela vasta área para acomodá-los em boxes padronizados, a exemplo do que ocorre na Feira dos Importados (também conhecida como Feira do Paraguai), em Brasília? Acredito que sim.

Lógico que haveria necessidade de um franco entendimento com o proprietário do imóvel – que no caso, segundo fiquei sabendo, é o Sr. João Claudino Fernandes, empresário-proprietário dos Armazéns Paraíba – e a prefeitura ou outro órgão competente. Caso o espaço não seja suficiente para acolher todo o numeroso contingente de ambulantes, poderia se pensar em recuperar alguns dos belos prédios do Largo do Carmo, ora abandonados e ameaçando desmoronarem, para o excedente e para as bancas de jornais e engraxates que enfeiam as calçadas do local que já foi o centro popular de São Luís. Algo que marcaria, com louvor, para sempre a passagem do executor dessa iniciativa na nossa história contemporânea. 

Sei que as dificuldades para levar avante um projeto de tal envergadura são grandes, mas não impossíveis de superação. Afinal, temos de pensar em devolver à população um pouco daquela cidade bucólica e atraente que era. Cidade que, mais do que nunca, vem evocando nostalgia naqueles que assim a  conheceram e nos que somente a conhecem agora, no estado deplorável em que se encontra.

Vale afirmar que os visitantes, turistas ou não, não vão à nossa capital apenas para visitar praias e a parte nova da cidade. Edifícios modernos e suntuosos, praias paradisíacas, avenidas amplas e bem cuidadas são coisas que facilmente se encontra em outras localidades do país. Mas, os visitantes que vêm à nossa terra o fazem principalmente para rever ou conhecer as belezas de nossa arquitetura colonial, inigualável no país e mesmo no restante do continente.

Todos nós temos o dever de zelar e, até mais que isso, exigir das autoridades o máximo de empenho em restaurar nosso inestimável patrimônio.

É agora ou nunca!

J.R.Martins - Brasília/DF

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