segunda-feira, 30 de julho de 2012

O sucesso da SBPC

É de euforia, motivada principalmente pelo sentimento do dever cumprido, o clima entre os responsáveis maranhenses por causa dos resultados da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no Campus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e que foi também uma eloquente homenagem aos 400 anos de São Luís. Com foco na contribuição que o desenvolvimento científico pode dar, direta e diretamente ao processo de combate à pobreza e às desigualdades sociais no Brasil, a reunião acadêmica levou ao Campus do Bacanga, rebatizado de Cidade Universitária, durante a semana passada, mais 20 mil pessoas de todo o país e de todas as idades.

Não foi uma reunião qualquer, a começar pelo tema, que a diferenciou das demais. A primeira impressão é a de que desenvolvimento científico e tecnológico pouco ou nada tem a ver com o desenvolvimento de ações contra a pobreza e a exclusão social. Ciência e tecnologia, vistas de maneira superficial, parecem reflexo de sociedades avançadas, que em tese não enfrentam problemas de natureza social, incluindo os dois pires males, a miséria e a exclusão. Essa visão equivocada já foi superada no Brasil, e a segunda reunião da SBPC em São Luís mostrou isso com clareza solar.

Ao longo de seis dias, milhares de cientistas, pesquisadores, professores, estudantes, profissionais liberais, e pessoas de todas as idades e níveis de escolaridade frequentaram auditórios, salas de apresentações, pavilhões e estandes. Nesses espaços, foram apresentados os mais diversos experimentos científicos, muitos deles já transformados em elementos e materiais para o desenvolvimento da tecnologia de consumo, ou seja, aquele resultado científico que beneficia diretamente o ser humano.

Nesse contexto, o momento maior foi a participação do israelense Daniel Shechtman, ganhador do Prêmio Nobel de Química em 2011 por ter descoberto, em seus vastos estudos, novos materiais usados na indústria de equipamentos, principalmente os destinados à atividade de medicina. Celebridade mundial no meio científico, Shechtman encantou plateias ao apresentar resumidamente alguns dos seus estudos, demonstrando que a ciência não tem limites quando é praticada com apoio de uma estrutura acadêmica e investimentos em pesquisa. O Nobel também mostrou, ao visitar uma obra social da UFMA na Vila Embratel, que o Olimpo científico que frequenta não pode ignorar as distorções da base social. Ao contrário, deve se aproximar cada vez mais dela.

Mesmo que não tivesse produzido muitos resultados altamente positivos, a 64ª Reunião Anual da SBPC, na UFMA, teria entrado para história da ciência no Brasil por ter escolhido o tema de viés social e demonstrado que uma coisa está fortemente ligada à outra.

Jornal O Estado do MA

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