segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Patrimônio Histórico de Carolina ameaçado de desabar com a alta do lençol freático


Centro Histórico de Carolina (foto internet)
Muito se prometeu para Carolina com a construção da barragem de Estreito. Passado a euforia das construções, após a inauguração, o que restou do espólio foi muitos danos ambientais e territoriais. Um verdadeiro prejuízo de grandes dimensões.

O município, que segundo o prefeito da cidade “perdeu mais de 30% do seu território”, não recebeu os benefícios que outrora foram prometidos. O Consórcio, que construiu a Usina Hidrelétrica de Estreito – UHE, se vangloriava de que seriam gerados mais de 5 mil empregos, o que na verdade, muito pouco, ou quase nada ficou em Carolina ou cidades vizinhas, uma vez que estas não dispunha de mão de obra qualificada. Na verdade, sobraram as mazelas, imensas lacunas deixadas com o desmonte dos canteiros de obras e atrás os “filhos da barragem” e suas mães solteiras e um alto índice de desemprego.

Muita gente nascida na região se desfez de seus patrimônios convencidos pelo Consórcio que o valor a ser pago era justo e que daria para essas famílias sobreviverem em outras localidades, foi um engodo. O empreendimento foi colocado goela abaixo das comunidades e muitos tiveram suas propriedades inundadas e não foram indenizados e sabe-se Deus quando isso vai acontecer.

O munícipio que teve um terço de seu território perdido e até mesmo os royalties (os valores pagos, como compensação pelo uso e extração dos recursos naturais existentes na região) está sendo pago valores irrisórios e nesse sentido são evidentes perdas irreparáveis ao município, como a Ilha dos Bodes, a praia, sítios arqueológicos, entre outras áreas, impactando, comprometendo o potencial turístico do município.

Carolina perdeu muito com a Hidrelétrica de Estreito. Existem situações em que hoje comunidades encontram-se assustadas, depois que as águas foram represadas para se formar o grande lago. A partir de então o lençol freático de toda região começou a subir muito e a cada dia sobe mais. E o que o Consórcio fez? Nada, a não ser colocar tábuas (espécie de duto), para medição do lençol freático em toda a cidade. Mas, ação que é bom nada. Com isso, as casas e pousadas do centro histórico de Carolina estão ameaçadas com rachaduras em suas estruturas, e em alguns casos, há locais em que as casas já estão afundando, podendo desabar a qualquer momento.

Procuramos o Prefeito de Carolina o Sr. Ubiratan Jucá para falar sobre o assunto, ele falou que tem conhecimento destes problemas e que há um esforço da administração para buscar reparo para esses danos: “Nós estamos nos reunindo com a comunidade e se preciso vamos até São Luís falar com nossa governadora, a Brasília, provocar Deputados e Senadores se possível até a presidente Dilma, uma vez que o Consórcio não recebe ninguém para tratar do assunto”, disse o Prefeito.

Ele, ainda, completou: “até mesmo os royalties que seriam repassados ao município não foram repassados. O Consórcio deve mais de R$ 8 milhões de reais ao município e não paga. O valor repassado no mês de janeiro a titulo de royalties foi de R$ 207 mil reais e isso é muito pouco para se combater os danos causados a Carolina”.

Dias atrás a Presidente esteve no município e com festa falou dos benefícios gerados pela energia de Estreito, dos números, mas o essencial não falou: o bem estar da comunidade, os órfãos da barragem em meio a essa realidade de descaso e abandono que eles vivem hoje. As comunidades ribeirinhas sofrem com os trabalhos mal executados na construção da Barragem, que com as primeiras chuvas foram extremamente afetadas com os alagamentos e desabamentos de vias de acesso e isolou povoados inteiros e em resposta dadas pelos responsáveis são meramente ilusórias, promessas que nunca são cumpridas, é somente protelatória.

Pelo que se percebeu o Consórcio que construiu a Hidrelétrica de Estreito encontrou em Carolina e região um solo fértil para a execução de seu empreendimento. Segundo moradores, nenhuma atitude veio nem mesmo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que tinha o dever de exercer o papel de Polícia Ambiental, garantindo assim, a conservação dos recursos naturais presente no nosso país (água, fauna, flora, solo e etc), mas, o que o IBAMA fez? Esteve presente somente para defender o empreendimento, liberando num tempo recorde as licenças sem medir os danos futuros. O IBAMA agiu defendendo mais o Consórcio e esqueceu do ambiente, e seus os danos advindo com a construção da UHE e tirou perspectiva de dias melhores das comunidades que vivem séculos na região.

As promessas de o mínimo de impactos ambientais, a UHE desalojou famílias que não tinham dimensões dos verdadeiros valores de suas terras, sendo pago valores irrisórios para algumas destas e outras que não aceitaram os valores a serem pagos, não receberam nada e aguardam na Justiça receber os valores justos por suas propriedades. Quando?

São danos irreparáveis para a vida social das comunidades que sofrem constantemente com os impactos das obras da Hidrelétrica de Estreito. O impacto social e ambiental é evidente e não se pode mensurar o tamanho deste. Espaços turísticos e patrimoniais, que ao longo da história tem colocado o município de Carolina como um dos principais destinos turísticos do Maranhão, sumiram e outros, como o conjunto de casarios do Centro histórico da cidade, está ameaçado de desabar, por causa da construção da UHE.

Mesmo percebendo que prevenção e a precaução não fazem parte do roteiro governamental, urge que se faça um esforço entre os poderes constituído, em especial o Ministério Publico Federal, no sentido de amenizar os estragos feitos pelas grandes obras da UHE. 


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