segunda-feira, 4 de março de 2013

Entrevista com o secretário de Turismo de São Luís Lula Fylho


Ao completar 60 dias de administração, o Jornal Cazumbá entrevistou o Secretário de Turismo de São Luís, Lula Fylho, que falou das experiencias e expectativas e como pretende potencializar o turismo ludovicense, buscar atendimento de qualidade aos visitantes, valorizar manifestações culturais e fortalecer a economia turística do município.

Jornal Cazumbá: Lula como você recebeu o convite do prefeito Edivaldo Holanda Júnior para assumir a secretaria de turismo do município no lugar de Liviomar Macatrao?
Lula Fylho: Estamos observando que a secretaria de Turismo vem de uma cresceste constante. Independente do trabalho ter ficado aquém ou além do que os antecessores podiam fazer, o turismo de São Luís é uma crescente constante. Mesmo não refletindo isso em números a quantidade de projetos que estão sendo fomentados a perspectiva do turismo são grandes e os resultados a grande maioria não são de curto prazo a grande maioria são de médio, longo prazo. O momento do turismo no mundo é complicado porque a Europa, que é um grande destino emissor está em crise, então a Europa como outros países como o Brasil tem trabalhando muito o turismo interno. Então, muitos dos resultados que não aparecem no turismo é dividido a essa equação, os emissores estão em crise e o turismo interno é muito caro. Mas o próprio Ministério do Turismo já percebeu isso e já esta começando a trabalhar algumas políticas para favorecer o aumento e o incremento desse turismo interno.

JC: E qual a expectativa para a gestão que se inicia?
LF: Para ser sincero eu não sabia que seria secretário, nunca fui sondado, nunca fui questionado se aceitaria ou não o cargo. Não estava nos meus planos profissionais. Mas, aceitei o desafio e o meu foco principal hoje é deixar um legado na cidade, alcançando o patamar que merece, ver a população usufruindo dos benefícios do turismo.

JC: Você é ludovicense, que vive nessa cidade e vivenciou muitas experiências, além de ser um empresário de setor que trabalha diretamente com o turismo. Qual a experiência que trazes para secretaria e como começou no turismo?
LF: Primeiro eu não sou ludovicense de nascimento eu sou de coração. Nasci em Terezinha/PI, mas moro aqui desde 1980. Então, eu já estou há 32 anos na cidade e respiro São Luís, meu sangue já pulsa São Luís, eu amo São Luís. Trabalho na área, mais especificamente, no setor de bares e restaurantes, há 26 anos, desde muito novo. No início ajudava minha mãe e depois montei meu próprio negócio. Mas, não foi a minha
experiência frente ao restaurante ou a entidade a qual presidia (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes/MA) que me credenciaram para ser o secretário de Turismo e sim toda a minha formação na busca para ser um bom gestor. E é isso que eu trago de boas práticas para o melhor desenvolvimento
de equipe.

JC: Qual será o foco da sua gestão?
LF: Quem me conhece sabe que sempre primei pela QUALIFICAÇÃO e esse será um ponto forte dessa gestão. Nós vamos qualificar mais que a sede da copa do Nordeste. E para isso acompanharemos as metas de qualificação dessas sedes e vamos qualificar mais que eles. Isso vai ser uma marca da nossa gestão.

JC: Você pegou uma secretaria eminentemente técnica. É uma secretaria que tem um ambiente político muito forte e tem servido como cabide de satisfação eleitoral ao longo dos anos, assim como tantas outras. E pergunto: quais foram as providências que o Lula Fylho tomou ao assumir a secretaria?
LF: PRIMEIRO: levantamento minucioso de contratos e convênios, analisando o tinha pendente, o que precisa, prestação de contas que tinham problemas. SEGUNDO: levantamento de inventário, como forma de tornar o ambiente de trabalho mais agradável, pois são três salas de material sem utilização é necessário saber o que é realmente importante. TERCEIRO: quem são as pessoas que contribuem e aquelas que não
contribuem. QUARTO E ÚLTIMO: análise dos projetos que temos, principalmente os que estão a vias de serem aprovados. Identificamos os que estão relacionados com a economia do turismo e incremento do Centro Histórico, que também serão focos da gestão. Como você mesmo disse não é a secretaria que tem um lado eminentemente político, o que temos que fazer é com que esse lado eminentemente político não seja
o viés da gestão.

JC: Em relação a estrutura administrativa da SETUR, o senhor pretende fazer alguma modificação?
LF: Com certeza, é uma estrutura que não atende mais a realidade. Acredito que a mudança de fundação para secretaria foi feita sem uma análise apurada. Pegaram a estrutura da fundação e transformaram em secretaria. Precisamos dá um incremento maior e intensificar ações do meio, isso são bases fundamentais para o crescimento do turismo. Necessitamos da figura do superintendente. Aqui o secretário lida direto
com oito coordenações, com atividades, meio e fim tudo junto. Existe a necessidade de analisar e já está sendo feito isso, o escopo de cada coordenação, em seguida nós vamos montar uma nova estrutura e propor ao prefeito que leve a câmara para aprovação.

JC: Quais os planos para a SETUR de Imediato, além dessa modificação, da figura do superintendente?
LF: Como prioridade temos o carnaval, temos o São João para divulgar e pretendemos fazer uma das melhores divulgações que já foram feitas, atraindo realmente destinos emissores. Vamos fazer um trabalho muito estratégico de análise e inteligência, para que com menos recursos nós otimizemos os resultados. Para trabalhar e intensificar a questão de estatísticas precisa-se ter indicadores não só quantitativos, mas qualitativos e que nos remetam a análise da percepção do turista e a percepção do morador da cidade. Os números serão confrontados, o trabalho será feito de forma que a população e o turista saiam ganhando, vai ser um jogo cinético mesmo. Outro fato é que precisamos deixar que as ações da secretaria fluam muito mais tranquilamente, isso requer uma melhoria na comunicação interna, então nós vamos trabalha uma horizontalizaçao da comunicação, para que as pessoas que trabalham aqui possam engajar-se no que a secretaria faz, não importa se é motorista, coordenador de análise mercadológica, administrativo, financeiro, todos devem saber o que a secretaria está fazendo, se propondo a mostrar ativos os resultados.

JC: São Luis é um município que enfrenta diversos problemas. Na sua opinião, quais os principais problemas que ocorrem na cidade e que impedem o maior desenvolvimento do turismo? O Senhor se sente preparado para enfrentar estes desafios?
LF: Vou começar de trás para frente. Eu me sinto muito preparado para enfrentar os desafios que acometem nossa cidade e atrapalham o desenvolvimento do turismo, se não estivesse preparado eu não teria aceitado, porque aqui a gente se torna uma vitrine exposta a todos e tudo, às pessoas que querem nosso bem ou querem nos derrubar. Então eu não ia me colocar em uma vitrine dessas se eu não estivesse preparado para assumir. Nós temos vários problemas estruturantes, para isso já estamos lançando o Comitê Gestor do Centro Histórico Revitalizado. Ele já existe e está sem atividade desde 2009. No entanto, tinha um caráter muito mais discursivo e hoje ele vai assumir um caráter mais deliberativo. Quem participar já vai
sair de lá com ações e paquituando prazos para executar essas ações. Precisamos mostrar resultados e uma nova postura. Esse resultado precisa ser refletido em avanços para a sociedade, para os negócios e para o turista. Para as questões estruturantes, vai ser feito um trabalho bastante sinérgico com as outras secretarias e aproveitar toda essa transversalidade que existe no turismo. Será um esforço concentrado para que se tenham políticas mais efetivas com ganhos para o turismo.

JC: O Prefeito tem conhecimento dessa problemática que envolve o turismo de São Luís?
LF: O prefeito não só tem ciência, como está dando força total para que isso se resolva, nos deu carta branca para procurarmos os secretários e estabelecer parcerias, relações institucionais, inclusive com o Governo do Estado. Ele sabe que é impossível realizar trabalhos vultosos se trabalharmos sozinhos, pois os resultados são pequenos. Existe uma frase que eu gosto: “se quiser avançar ande só, se quiser ir mais longe
e construir grandes projetos ande junto, bem acompanhado de preferência”, então é isso que estamos buscando, boas companhias, sempre respeitando as limitações e o papel de cada um. As secretarias não são órgãos ou coordenações da Secretaria de Turismo, são parcerias institucionais. Nós vamos buscar as outras secretarias, inclusive as do Estado, para que o resultado seja vultoso, seja de grande porte, porque assim atingimos muito mais pessoas da população.

JC: Um dos grandes problemas da gestão passada foi o descaso com o Centro Histórico. Trata-se do coração do turismo na capital, mas o cenário não é nada bonito. O que será feito para combater ou minimizar este problema? 
LF: Vamos procurar também a iniciativa privada para estabelecer parcerias pública, privada, incentivar a iniciativa a se instalar no Centro Histórico. Quando falamos em instalação no Centro Histórico não se fala só de bares, restaurantes e pousadas que é tradicional, por exemplo, existe uma Lei de 2008 que preconiza um desconto de 3% do ISS de empresas de tecnologia que trabalham no centro, se essas empresas vão ter um
incremento na sua renda de 3%, se elas deixam de pagar 5% e pagam 2% elas podem pegar um casarão, que é particular e restaurar. E é isso que nós vamos incentivar. Tudo que pudermos fazer pelo Centro Histórico será feito, todas as ações que venham valorizá-lo serão realizadas, nós vamos ter um Centro
Histórico revitalizado daqui a 4 anos.

JC: A Secretaria de Turismo trabalha com muitos projetos que já são conhecidos, como a Serenata e o Turismo Anfitrião. Existem outros projetos que não saíram do papel, a exemplo do Museu da Gastronomia. O que o senhor pretende fazer com esse espaço? E em quanto tempo ele será entregue de fato à comunidade?
LF: O museu não poderia estar em melhores mãos, foi uma excelente indicação de Edivaldo o nome de Fabio Henrique Farias para gestão do Museu. Ele é uma pessoa militante e engajada do turismo, crítica do Estado. Ele está muito determinado a trabalhar para o Museu da Gastronomia sair do papel. E trata-se de um projeto que o Ministério do Turismo já mandou recursos. Por vários problemas de obra, nunca saiu.
Fizemos uma visita ao prédio e observamos que 70% da obra não está concluída. Vamos fazer alteração do formato, já que não concordamos com o formato atual. Esse museu precisa ser um museu vivo, precisa ser um museu escola, um museu onde são degustados petiscos. Precisa ser autosustentável. Eu não posso dá uma previsão de quando sai, mas eu posso dizer que o Museu da Gastronomia, também, por estar no Centro Histórico ganha um status ainda mais importante. Nós vamos trabalhar muito forte para apresentar esse museu como ele deve ser para a sociedade, para a população e para os turistas que visitam a cidade, conhecendo e fortalecendo a gastronomia, que é outro aspecto cultural e grande atrativo turístico que possuímos. Então, a gastronomia também é importante para esta gestão.

(Entrevista publicada no  do Jornal Cazumbá impresso, edição 101/mês de fevereiro 2013)

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