quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Para voar com conforto, taxas extras

As companhias aéreas estão colocando no mercado um novo conjunto de tarifas, mas desta vez os passageiros podem até gostar. Ao contrário da primeira geração de taxas, que levava os passageiros a pagar por serviços até então gratuitos, como despachar uma mala, essas novas tarifas prometem um gostinho da vida que gostaríamos de viver, ou pelo menos um voo mais prazeroso.

Espaço adicional para as pernas, embarque antecipado e acesso a salas de espera tranquilas foram só o começo. Hoje as companhias aéreas alugam iPads pré-carregados com filmes, vendem refeições quentes de primeira classe na categoria econômica e permitem que os passageiros paguem para ter uma poltrona vazia ao seu lado. Em terra, eles podem pular a fase do recolhimento de bagagem e ter suas malas entregues diretamente em casa ou no escritório.

No futuro próximo, as empresas aéreas pretendem ir além, ao usar maciços volumes de dados pessoais para customizar produtos para cada passageiro. "Mudamos da cobrança por antigos benefícios para elevações de categoria", diz John F. Thomas, da L.E.K. Consulting. "A questão é personalizar a experiência de viajar."

As empresas aéreas enfrentam dificuldades para elevar o valor das passagens o suficiente para cobrir os custos. As taxas adicionais arrecadam mais de US$ 15 bilhões por ano e são o motivo pelo qual muitas delas são lucrativas. Mas a receita proveniente de taxas mais conhecidas como a de despachar malas estagnou. Assim, as companhias estão vendendo novos extras e copiando métodos de marketing aprimorados pelas varejistas.

A modernização tecnológica permite que as aéreas vendam produtos diretamente aos passageiros no ato da reserva, em e-mails subsequentes, diante da aproximação da data da viagem, no check-in e ainda em mensagens de texto por celular antes do embarque.

A Delta Air Lines deu recentemente a seus comissários de voo aparelhos sem fio, que lhes permitem vender aos passageiros, de última hora, lugares de categoria superior, com mais espaço para as pernas. E, assim como a Amazon oferece sugestões com base nas compras passadas de cada internauta, as companhias aéreas conseguirão em breve lançar mão do comportamento passado para abordar os passageiros.

"Temos enormes volumes de dados", diz o principal executivo da Delta, Richard Anderson. "Sabemos quem é você. Sabemos qual foi a sua história na companhia. Podemos customizar os produtos que lhe oferecemos."

Outras empresas aéreas estão testando o rastreamento da movimentação dos passageiros pelo aeroporto. No futuro, se alguém passar nos controles de segurança horas antes de seu voo, poderá receber, por mensagem no celular, um vale com desconto para usar na sala de espera da companhia aérea.

Por enquanto, a maioria desses dados está sendo usada para reconquistar os passageiros que tiveram o voo adiado ou a bagagem perdida. "Queremos voltar a um ponto em que as pessoas sintam que viajar não é coisa a ser suportada, mas algo que podem curtir", diz Bob Kupbens, vice-presidente de marketing e comércio digital da Delta.

A maioria dos passageiros escolhe os voos com base na tarifa mais baixa. Os sites de vendas de passagens e pacotes de viagem, que permitem comparar preços, acentuam essa tendência. Quando as companhias aéreas tentam elevar os valores, encontram resistência. "Os clientes são muito rápidos em alterar seu plano de viagem, usar outra empresa aérea, ou desistir de vez de viajar", afirma Jim Corridore, analista da Standard & Poor's.

Nos últimos três anos, as companhias aéreas tentaram elevar as tarifas 48 vezes, segundo a FareCompare.com. Em 29 dessas tentativas, as reservas caíram o suficiente para as empresas abandonarem a elevação.

A maioria das tarifas hoje não cobre o custo do voo. Enquanto a tarifa básica média doméstica de ida e volta (nos EUA) subiu 3% nos últimos dez anos, o preço do querosene de aviação quase triplicou.

Sem as cobranças extras, dizem os especialistas, as passagens seriam 15% mais altas. "Ou você fecha a empresa ou encontra uma maneira de cobrir" seus custos, diz Robert Jordan, diretor comercial da Southwest Airlines.

A Southwest absteve-se de cobrar pela maioria das bagagens embarcadas. Mas vende muitos outros opcionais. Por US$ 40, por exemplo, quem está no fim da fila de embarque pode passar à frente.

As companhias aéreas afirmam que as taxas trazem um senso de justiça ao sistema. Por que um passageiro com uma pequena bagagem deveria subsidiar uma família de quatro pessoas que despache suas malas?

Fonte: http://diariodoturismo.com.br.

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