quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Galeria de Arte do Sesc apresenta exposição Imagens descartáveis (ou um diálogo com o erro)


Valor, registro, memória, arte, qual o mecanismo conceitual utilizado para decretar que uma fotografia é boa ou simplesmente um erro? Propondo um diálogo sobre esse questionamento, durante o mês de outubro, a Galeria de Arte do Sesc, abre as portas para a exposição “Imagens descartáveis (ou um diálogo com o erro)”, a partir do dia 16 de setembro. Pensada como uma instalação fotográfica, em que a disposição de imagens e objetos no espaço são parte do processo artístico, a exposição surge de uma proposta conjunta dos artistas, fotógrafos e pesquisadores Layo Bulhão e Carolina Libério. A exposição estará disponível até o dia 30 de outubro, das 9 às 17 hora, com agendamento prévio e gratuito para visitas mediadas.

A instalação fotográfica “Imagens descartáveis (ou um diálogo com o erro)” materializa no espaço a existência das imagens negadas, descartadas, deletadas, insistindo em dar corpo àquelas fotografias que jamais seriam consideradas 'aptas' à exibição pública. A exposição é pensada como uma provocação acerca dos padrões estéticos da fotografia, convidando o público a uma reflexão sobre o erro, sobre a exigência da perfeição, bem como sobre a descartabilidade das imagens geradas na atualidade, incluindo uma reflexão a partir de autorretratos, prática tão comum atualmente que recebeu até nova denominação popular: “selfies”.

A composição artística da exposição teve com ponto de partida a ideia da “imagem descartada e prováveis erros”, perguntando de que formas podemos interagir com os diversos conceitos da produção fotográfica de massa e as relações entre necessidade e fetichismo da imagem. A exposição propõe uma reflexão sobre a relação que as pessoas estabelecem com as imagens de si e os padrões de perfeição existentes no mundo virtual: valor, registro, memória, arte, qual o mecanismo conceitual que utilizamos para decretar que uma fotografia é boa ou simplesmente um erro? Como determinamos se uma foto será ou não publicada? Por que temos medo de revelar nossos erros?

A exposição também propõe uma provocação quanto a ideia do fotografo como aquele que tira a foto certa no instante exato. Por trás do mito da foto única e perfeita, sempre esteve a figura do do erro, erro que é inaceitável junto à ideia da genialidade artística típica de uma concepção clássica do processo de criação, mas que faz parte tanto do trabalho da fotografia quanto de qualquer outro trabalho artístico.  

Há um universo de imagens que permanece sempre não-visto: aquele das imagens descartadas. Imagens imprestáveis, que sobram e inundam pastas, cartões de memória, cds, pen-drives e hds. Imagens que são elas também fragmentos da nossa memória, mas que dispensamos da construção de nossas narrativas, cada vez mais filtradas. Qual o lugar destas imagens hoje, senão o dos bites e algoritmos que guardamos sem revisitar? A instalação, que pode ser percebida de forma interativa ou não, convida a todos a um processo de (des)avaliação: ao tornar visível o que é rejeitado, podemos questionar a superficialidade dos julgamentos e padrões aos quais estamos acostumados, percebendo também o quão irrisórios e naturais podem ser nossos erros.

Em “Imagens Descartáveis (ou um diálogo com o erro)” o público é convidado a ver o outro lado do trabalho fotográfico, uma vez que costumeiramente só as ‘melhores fotos’ são divulgadas. Para a criação e concepção desta exposição, Carolina Libério, fotógrafa, pesquisadora, videoasta e professora na área de Produção Audiovisual do curso de Rádio e TV da UFMA, e Layo Bulhão, artista, poeta, pesquisador em videodança, e coordenador da Revista Insight Photo e do Festival de Arte Contemporânea/MA, se unem em um processo de instalação experimento, em que os próprios artistas são levados a questionar os padrões estéticos que governam suas criações. “Imagens Descartáveis (ou um diálogo com o erro)” é um convite a todos que fotografam, um convite a olhar de outra forma para suas próprias imagens, percebendo que o erro também faz parte da existência. A exposição fica aberta ao público até o dia 30 de outubro, com horário de visitação entre 9 e 17 horas.

SOBRE OS AUTORES

CAROLINA LIBÉRIO (São Luís - MA)
Fotógrafa, pesquisadora, videoasta e professora na área de Produção Audiovisual do curso de Rádio e TV da UFMA. Doutoranda em Comunicação e Cultura na UFRJ, na linha de Tecnologias da Comunicação e Estética, onde desenvolve pesquisa na área da fotografia, tendo como interesse as tecnologias digitais e as relações entre modos de subjetivação e produção de imagens na contemporaneidade. É membro do NUPPI (Núcleo de Pesquisa e Produção de Imagem) desde 2007.

LAYO BULHÃO (São Luís - MA)
Artista, graduando em Educação Artística (UFMA), coordenador da Revista Insight Photo e do Festival de Arte Contemporânea/MA. Atualmente busca refletir artisticamente sobre a experiência do cotidiano. 

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