Feio, raquítico, amarelo, gago e analfabeto até os 12 anos, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, paraibano de Umbuzeiro, agreste do Estado nordestino, nascido em 4 de outubro de 1892, foi, no seu tempo, talvez o homem mais importante do Brasil.
Foi dono dos Diários Associados, um império que chegou a possuir 34 jornais, 36 estações de rádio, 18 emissoras de televisão, 5 revistas e 1 agência de notícias.
Implantou a televisão no Brasil, com a inauguração da PRF-4 – TV TUPI de São Paulo, em 18 de setembro de 1950, com a transmissão do primeiro programa, “O Show da Taba”. Foi a quarta emissora a ser implantada no mundo (só havia emissoras nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra).
Amante das artes, fundou, em 1947, o MASP – Museu de Arte de São Paulo, que hoje possui o seu nome. Foi senador da República pela Paraíba e pelo MARANHÃO, embaixador do Brasil na Inglaterra, nomeado por Juscelino Kubitschek, e membro da Academia Brasileira de Letras. Falava, além de português, inglês, francês e alemão.
Morreu em São Paulo em 4 de abril de 1968.
O que tem isso a ver com a aviação brasileira?, já deve estar perguntando o leitor. Vejam a seguir um resumo do que Assis Chateaubriand fez pela aviação brasileira:
• Assis Chateaubriand foi, provavelmente, o segundo brasileiro a voar em um avião, em 10 de junho de 1913, quando fez um voo panorâmico sobre a cidade do Recife, em Pernambuco, no Blériot do piloto francês Lucien Deneau.
• É o civil brasileiro com maior número de horas voadas na história da aviação.
• Os jornais e as revistas de Assis Chateaubriand foram os primeiros do Brasil, e talvez do mundo, a ter um jornalista especializado em aviação, o cearense Edmar Morel.
• Organizou e apoiou dezenas de raides aéreos pelo Brasil e pela América do Sul. Em um deles, 60 aviões partiriam do Rio de Janeiro para Porto Seguro, para os festejos do aniversário do descobrimento do Brasil. Só havia um problema: Porto Seguro não possuía aeroporto. Nenhum problema para Chateaubriand, que acionou o residente Getúlio Vargas e, 60 dias depois, o aeroporto da cidade estava pronto e operacional. O raide foi um sucesso.
• Em 1950, Chateaubriand foi o primeiro brasileiro e um dos primeiros civis do mundo a voar no jato inglês Comet.
• Foi garoto-propaganda da companhia aérea holandesa KLM.
• No início da década de 1940, Chateaubriand resolveu que estava na hora de o Brasil formar uma nova geração de pilotos civis, porém não havia aviões para isso. Ele convidou o Ministro da Aeronáutica, Joaquim Pedro Salgado Filho, para a empreitada.
A fórmula de Chateaubriand era simples: pedir doações de aeronaves a magnatas, industriais, banqueiros ou quem quisesse colaborar com a campanha que ele batizou de “Dê Asas à Juventude”, rebatizada em 1949 como “Campanha Nacional de Aviação”. O doador tinha direito de batizar a aeronave doada com o nome que escolhesse, podendo ser o do pai, o da mãe, o se um antepassado, o de um personagem da história, com direito a festa com pompas e circunstâncias e grandes espaços de elogios nos jornais do dia seguinte. Durante uma década, foram doadas cerca de 2.000 aeronaves e criados cerca de 300 aeroclubes.
• A campanha foi considerada pelas autoridades como uma grande realização, de indiscutível utilidade, criando uma mentalidade favorável à aviação em todo o Brasil.
• Durante a campanha, quando já haviam sido doadas 600 aeronaves, a Inglaterra não possuía mais de 500 aviões de treinamento e a Argentina chegou a protestar, alegando que o Brasil estava se preparando para dominar os céus da América do Sul.
• Em 1940, só existiam no Brasil 465 pilotos civis. Em 1946, já haviam recebido o brevê 5.753 pilotos, dos quais 5.000 aprenderam a voar nos aviões doados pela campanha incentivada por Assis Chateaubriand.
• Em 1946, segundo dados do Ministério da Aeronáutica, dos 936 aviões de recreio ou treinamento registrados no Brasil, 800 tinham sido doados pela campanha de Chateaubriand.
Entenderam agora o motivo pelo qual o matuto do agreste nordestino/paraibano fez mais pela aviação brasileira que a turma de incompetentes que está por aí?
Por:Marcelo Soares Cardoso
Fonte:turismoemfoco.com.br
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