O binômio Terceiro Setor e Turismo parecia incompatível, até bem pouco tempo atrás. O Turismo, atividade destaque por sua força econômica, mostrava a todos sua imponência em cifras e em mudanças claramente percebidas nas localidades receptoras.
O Terceiro Setor por sua vez, mostrava-se assistencialista (erradamente) e estava vinculado no Brasil a grandes campanhas de comoção nacional onde destacavam-se Betinho e D. Zilda Arns, lutando por um Natal sem fome ou pela redução da mortalidade infantil, só pra citar alguns exemplos.
Com o passar dos anos, esses fenômenos foram adquirindo conceitos e concepções próprias, formulações teóricas, bases históricas e posicionamento no cenário mundial. Uma aliança estratégica entre os dois configura como a prática para vários estudos, teses e hipóteses sobre sustentabilidade e desenvolvimento local. Mas como aliar uma atividade prioritariamente mercantil a outra aparentemente social? Bom, com os novos paradigmas de desenvolvimento mundial, as alternativas têm sido voltadas para arranjos locais e a criação de blocos regionais de desenvolvimento com vistas à melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos (stakeholders), descentralizando dessa forma, as ações governamentais e privadas.
Estimular a criação de empresas autogestionárias e transferir para a comunidade a responsabilidade do sucesso da mesma, como faz o Turismo Comunitário, pode ser uma boa saída. Projetos capitaneados por empresas turísticas que protagonizam comunidades e que as incluam socialmente, mas sem perder o foco no cliente figura como excelente proposta e ainda recebe o nome de Responsabilidade Social. O desenvolvimento de programas pelas instituições públicas locais voltadas para a capacitação e melhoria da auto- estima da sociedade, resgate e valorização de culturas quilombolas, indígenas e tradicionais também são idéias que estão no escopo dessa discussão.
Percebe-se que o Terceiro Setor e o Turismo tem mais em comum do que se imagina. A produção artesanal de núcleos receptores também leva ao desenvolvimento local e é essa gente, da comunidade que poderá juntamente com a gestão pública e as empresas turísticas, alavancar a cadeia produtiva e chegar à qualidade de vida merecida e à eficiência econômica local.
Ainda têm-se muito a discutir sobre esse assunto. Não dá para chegar a nenhuma conclusão e muito menos expor todas as possíveis vertentes do binômio Turismo e Terceiro Setor num único texto, mas entende-se que os primeiros passos no Brasil estão sendo dados, à medida que o Terceiro Setor aprofunda sua atuação não ficando somente em filantropia e o Turismo se distancia da ação mercadológica e humaniza-se cada vez mais. O bom dessa história, é que temos tempo para acompanhar.
Por: Beatrice Borges – turismóloga e colunista do Jornal Cazumbá
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