A manifestação popular Bloco Tradicional pode receber o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Na noite de ontem, o prefeito de São Luís, João Castelo, entregou o relatório final do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) à superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Maranhão, Kátia Bogéa, que representou o Ministério da Cultura, consolidando assim a candidatura da manifestação ao título. O Iphan agora analisará o conteúdo do documento, composto por três volumes, e levará em seguida ao Conselho Federal da Câmara Técnica do Iphan, que concederá ou não o título. O processo pode durar anos.
A solenidade de entrega do relatório aconteceu no Auditório Reis Perdigão, no Palácio La Ra-vardière, e contou com a presença de representantes da Câmara de Vereadores de São Luís, integrantes de blocos tradicionais, músicos maranhenses e do presidente da Fundação Municipal da Cultura, Euclides Moreira Neto.
De acordo com o prefeito João Castelo, a possibilidade de elevar a manifestação cultural ao patamar de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil é motivo de orgulho ao ludoviscense. “São Luís é o berço da cultura e não há qualquer outro lugar com manifestações tão autênticas e fortes como a nossa cidade. Nosso dever é trabalhar para a manutenção, promoção, valorização e brilhantismo dessas manifestações”, disse.
A superintendente do Iphan, Kátia Bogéa, também torce para que haja o reconhecimento do Bloco Tradicional como patrimônio. “Mais que um título, o patrimônio exige responsabilidade. Nós já conseguimos estabelecer o registro do Complexo Cultural do bumba meu boi do Maranhão e do Tambor de Crioula e espero que consigamos para os blocos tradicionais”, disse. Ela lembrou que ontem foi comemorado o Dia Municipal do Bloco Tradicional.
A manifestação Bloco Tradicional é uma exclusividade de São Luís. O pedido de registro do Bloco Tradicional, como Patrimônio no Livro das Formas e Expressões, foi entregue ao Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) pela Func em 2009, quando foi iniciado o inventário. Desde então, uma intensa atividade girou em torno dos 43 blocos atuantes na cidade para ressaltar a importância de salvaguardar essa singular manifestação.
Uma equipe de pesquisadores foi treinada por técnicos do Iphan para o desenvolvimento da metodologia própria do instituto. A coordenação do Inventário ficou a cargo das pesquisadoras e assessoras técnicas da Func, Michol Carvalho e Lenir Oliveira. Concluído, o relatório apresenta um panorama da manifestação cultural popular sob o foco das formas de expressão, lugar, ofícios e modos de fazer e celebração. A pesquisa é bibliográfica e documental.
Blocos Tradicionais – Os blocos são originários da década de 1950. Devido a sua cadência rítmica e seu principal instrumento de acompanhamento musical, os contratempos, são também chamados de blocos de ritmo e blocos de tambor grande.
s tocadores trazem os tambores presos ao corpo por uma correia larga, que vai de um lado a outro, usam as mãos espalmadas para tocarem esses tambores, com força e rapidez, ao mesmo tempo em que fazem uma coreografia saltitante.
Sua musicalidade, além da marca peculiar dos tambores grandes, conta com a percussão de retintas, cabaças, reco-recos, agogôs, afoxés, maracás e rocas. Essa diversidade instrumental favorece a possibilidade de tocar vários ritmos musicais, dançados por seus tocadores e brincantes.
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