quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Recorde para o turismo brasileiro

Artigo escrito pelo Presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Flávio Dino.

É tempo de comemorar! Neste mês de novembro, o turismo brasileiro viveu um episódio histórico. Chegamos ao turista número 6 milhões, marca nunca antes alcançada na história de nosso país. A Embratur comemorou o fato, recepcionando a turista no Aeroporto do Galeão, uma das portas de entrada que mais cresceram no país. Simbolicamente, foi escolhida uma turista argentina, país que mais envia visitantes ao Brasil. Foi uma forma de reconhecer a força de nosso principal parceiro na economia do turismo.

Com o resultado que se desenha para este ano, mantemos a marca de crescimento acima da média mundial. No ano passado, por exemplo, crescemos 5% ante 3% da média planetária. Esse êxito é fruto da união de esforços entre as iniciativas pública e privada, que no setor do turismo, precisam caminhar juntas. A participação dos empresários, acreditando nos destinos, investindo em seus equipamentos e funcionários, reflete diretamente na capacidade do país em receber bem o turista estrangeiro.

A Embratur tem colocado em prática um planejamento estratégico de promoção turística do país, que tem aproveitado a oportunidade proporcionada pelos megaeventos para gerar um ciclo virtuoso no setor. A Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude e a Copa do Mundo interessam não apenas pelos turistas que trazem durante sua realização. A exibição desses eventos pela TV, para bilhões de pessoas no mundo todo, garante uma grande exposição que, se for bem trabalhada, vai consolidar turismo brasileiro em um novo patamar.

E é o que temos feito, ao realizar um evento por dia útil no exterior e a grande maioria com a participação do trade brasileiro, incluindo a ação que criei em minha gestão, o premiado Goal to Brasil, em que reunimos operadores de turismo dos países que mais enviam turistas para cá e fazemos uma verdadeira imersão em Brasil, passando informações detalhadas sobre andamento das obras para a Copa e de nossos principais destinos turísticos. Além disso, empresários brasileiros são convidados a participarem de rodadas de negócios, que geram oportunidades reais de negócios com trade internacional. Com isso, já capacitamos mais de 2 mil operadores de turismo, preparados para vender viagens para o Brasil com um grande volume de informações.

O crescimento da entrada de turistas estrangeiros representa ganhos econômicos diretos para, pelo menos, 10 milhões de brasileiros que ganham sua vida trabalhando com turismo. Obviamente, o impacto econômico da entrada de dólares por meio do turismo se espraia por vários outros segmentos da sociedade. Para reforçar a importância do mercado de viagens, ressalto que este ano, o país já recebeu 5,6 bilhões de dólares entre janeiro a outubro de 2013, um recorde histórico para o período. Convertido em moeda nacional, esse montante significou uma receita de R$ 12 bilhões para o país – 10,7% a mais que no mesmo período do ano passado. Para se ter uma ideia do que esses quase R$ 12 bilhões representam para o país, é mais do que entrou em nossa economia por meio de importantes indústrias, como a automobilística, que gerou US$ 4,6 bilhões de janeiro a outubro deste ano. E é muito próximo do valor que ingressou em nossa economia com as exportações do setor de papéis e celulose.

Para ampliar ainda mais a importância desse setor na economia, na Embratur estamos apostando também na diversificação do perfil dos turistas, para seguir sempre crescendo. Por isso, encontrei na semana passada com a ministra da Cultura Marta Suplicy para debatermos os próximos passos da promoção dos patrimônios históricos brasileiros. A primeira edição do plano já está em andamento, com investimento de R$ 3 milhões por parte da Embratur. Faremos, em março, uma exposição em Madri de nossos 12 patrimônios reconhecidos pela Unesco. São ganhos os quais me orgulho de ter ajudado a nascer nos últimos dois anos e meio em que estive à frente da Embratur por determinação da presidenta Dilma.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Líder Guarani, estrela de cinema, é assassinado

Em 2008 o Ambrósio compareceu à estréia do filme 'Terra Vermelha' no Festival de Cinema de Veneza
© Survival

Líder indígena Guarani e estrela de cinema, Ambrósio Vilhalva, foi assassinado na noite de domingo, depois de lutar durante décadas pelo direito de sua tribo de viver em sua terra ancestral.

Ambrósio teria sido apunhalado na entrada de sua comunidade, conhecido como Guyra Roká, no Mato Grosso do Sul. Ele foi encontrado morto em sua casa, com vários ferimentos de faca. Ele havia sido repetidamente ameaçado nos últimos meses.

Ambrósio estrelou como a personagem principal no filme premiado Terra Vermelha, que retrata a luta desesperada dos Guarani para a sua terra. Ele viajou internacionalmente para falar sobre a situação da tribo, e para pressionar o governo brasileiro para proteger a terra Guarani, como é legalmente obrigada a fazer.

Policiais examinam o corpo do Ambrósio dentro de sua casa.
© Osvaldo Duarte

Ele disse: ‘Isto é o que eu mais quero: a terra e a justiça… Vamos viver na nossa terra ancestral; nós não vamos desistir’.

Os Guarani de Guyra Roká foram despejados de suas terras há décadas por fazendeiros. Durante anos eles viviam na miséria na beira da estrada. Em 2007, eles retomaram parte de sua terra ancestral, e vivem agora em uma fração de seu território, mas a maioria foi liberado para enormes plantações de cana de açúcar. Um dos principais proprietários de terras envolvidos é o poderoso político local José Teixeira. Os Guarani ficaram com quase nada.

Ambrósio falava apaixonadamente contra o plantio de cana de açúcar nas terras de sua comunidade, e contra a Raízen, empreendimento conjunto entre a Shell e a Cosan, que usava a cana de açúcar para a produção de biocombustíveis. A campanha de sua comunidade com a Survival International forçou a Raízen a não usar cana de açúcar cultivada em terras Guarani.

Plantações de cana de açúcar (vermelho) ocupam a maioria da terra ancestral (linha amarela) da comunidade de Ambrósio.
© Tribunal Popular

Um porta-voz Guarani falou para a Survival hoje, ‘Ambrósio lutou muito contra a cana de açúcar. Ele foi um dos nossos líderes principais, sempre na frente da nossa luta, então ele foi ameaçado. Era uma liderança muito importante na luta dos Guarani, e agora, perdemos ele.’

A polícia está investigando o assassinato, e dois suspeitos foram supostamente detidos.

O diretor da Survival, Stephen Corry, disse hoje, ‘Os Guarani têm uma das maiores taxas de homicídio do mundo e o roubo da terra está na raiz de toda a violência. Apesar disso, o processo de demarcação de terras está parado – as autoridades estão fazendo pouco para confrontar os fazendeiros que tomaram a terra ancestral da tribo. Quantas mortes mais os Guarani devem sofrer antes de seu território estar mapeado e protegido?’

Fonte: Survival International