quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Incêndio devasta acampamento onde índios enfrentam ‘assassinato em massa’

Um incêndio devastou o acampamento Guarani na beira da estrada em Mato Grosso do Sul.
© Spensy Pimentel/Survival

Um incêndio se alastrou por um acampamento Guarani, localizado à beira da estrada, forçando os índios a fugir enquanto suas barracas, comida e pertences foram destruídas nas chamas.

Relata-se que o fogo iniciou no canavial e usina de São Fernando que ocupam a terra ancestral da comunidade Apy Ka’y. De acordo com a Polícia Militar Ambiental, destruiu uma área de cerca de 1.000 hectares, incluindo o acampamento indígena. A causa do incêndio ainda não foi confirmada.

A destruição ocorreu no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul na última quinta-feira, mas os detalhes completos da ocorrência surgiram hoje.

Um porta-voz Guarani que visitou o local disse à Survival, ‘O fogo queimou durante um dia inteiro. Havia fumaça e cinzas em todos os lugares. Nossos parentes foram forçados a correr de suas casas. As crianças estavam chorando… Nós estamos chocados.’

Damiana Cavanha e sua comunidade perderam seus abrigos e pertences no incêndio.
© Spensy Pimentel/Survival

Damiana Cavanha, líder Guarani de Apy Ka’y, disse, ‘Nossas barracas, roupas, alimentos, panelas e colchões foram queimados! Perdemos tudo, mas não perdemos a nossa esperança de retornar à nossa terra ancestral.’

Os Guarani da Apy Ka’y têm pouco material para reconstruir seus abrigos. Suas crianças já sofrem de desnutrição, e estes últimos acontecimentos aumentaram sua vulnerabilidade.

Damiana informou que uma vez que o fogo tinha sido apagado, os seguranças armados dos fazendeiros da São Fernando ameaçaram matar os Guarani. ‘Os seguranças da usina me disseram que eles vão matar todos nós. Mas eu vou continuar lutando por nossa tekoha (terra ancestral)’, disse Damiana.

Os indígenas foram forçados a deixar sua terra ancestral quando esta foi ocupada por fazendeiros há quase quinze anos atrás. Damiana e outros membros da comunidade têm vivido de forma intermitente na beira da estrada principal nos últimos dez anos, enquanto suas terras estão sendo usadas para a expansão da indústria de biocombustível no Brasil.

Eles enfrentam o risco constante de acidentes fatais na estrada, já que carros e caminhões passam em alta velocidade. O marido de Damiana e três de seus filhos foram atropelados e morreram na estrada ao lado da qual a comunidade está acampada.

Os Guarani possuem pouco material para reconstruir seus abrigos e sofrem acesso restrito a alimentos e água potável.
© Spensy Pimentel/Survival

Cada vez que eles tentaram reocupar suas terras, os fazendeiros os expulsaram de novo. A comunidade já foi atacada várias vezes, incluindo um incidente em 2009 quando homens armados dispararam contra o acampamento e deixaram os abrigos dos Guarani em chamas.

Os líderes Guarani são alvos frequentes e vários foram assassinados após pressionarem para recuperar o seu território ancestral.

A Survival está instando o governo brasileiro para cumprir o seu dever constitucional de demarcar todas as terras Guarani e devolvê-las para o uso exclusivo dos indígenas.

O diretor da Survival Stephen Corry disse hoje, ‘Os povos indígenas do Brasil são constantemente sacrificados em nome da ganância, suas vidas perdidas na busca do crescimento econômico a qualquer custo humano. Os Guarani têm o direito de voltar às suas terras, mas em vez disso, são forçados a sofrer uma vida de imundície na beira da estrada.’

Fonte: Survival International

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Tribo 'Avatar' rejeita gigante empresa mineradora britânica

Os Dongria Kondh têm rejeitado de forma esmagadora a mina da Vedanta em suas colinas sagradas.
© Jason Taylor/Survival

A tribo indiana dos Dongria Kondh tem rejeitado de forma esmagadora os planos de uma notória mineradora de grande porte britânica, Vedanta Resources, de uma mina de bauxita a céu aberto nas sagradas colinas de Niyamgiri, em um triunfo sem precedentes para os direitos tribais.

Doze aldeias Dongria votaram de forma unânime contra a mina da Vedanta durante as consultas ordenadas pela Corte Suprema da Índia em abril de 2013, uma vez que os seus direitos religiosos, culturais e sociais estariam em perigo com o avanço da mineradora.

Um líder Dongria, Lodu Sikaka, disse, ‘O nosso Deus vive a céu aberto; vocês mantêm o Deus de vocês trancado com uma chave. Nós não abandonaremos Niyamgiri. Se o governo e os políticos nos mandarem fazer isso, nós lutaremos.’

A mina destruiria as florestas e obstruiria os rios das colinas Niyamgiri, que são vitais para o sustento e identidade dos 8.000 membros da tribo, que têm a sua luta comparada ao sucesso cinematográfico, ‘Avatar’. A mina eliminaria a existencia dos Dongria como um povo autossuficiente.

Os Dongria votaram por unanimidade contra a mina da Vedanta durante doze consultas.
© Survival

Os Dongria foram elogiados por sua determinação resiliente para salvar as suas colinas face às intimidações e perseguição pela polícia paramilitar em sua terra, e as repetidas afirmações da Vedanta Resources de que os Dongria apoiam a mina. Durante a sua luta em defesa de Niyamgiri, líderes Dongria foram presos e torturados. Porém, eles se mantêm fortes em sua resistência.

Os resultados das consultas serão agora levados em consideração pelo Ministério de Meio Ambiente e Florestas da Índia, que terá a palavra final sobre a mina – mas poucos ainda acreditam que à mina será dado sinal verde.

A esmagadora rejeição por parte dos Dongria Kondh foi um golpe fatal para os planos da Vedanta no estado de Odisha e contradiz as afirmações feitas pela companhia, como, ‘Temos a sincera convicção, baseado nas nossas extensivas consultas, que a vasta maioria da população local, incluindo vários povos indígenas, a população de Orissa e outras partes interessadas saúdam a instalação do nosso projeto.’

A experiência da Vedanta deve servir como uma importante lição para companhias que desejam extrair recursos de terras de povos indígenas: eles devem buscar o consentimento livre, prévio e informado das comunidades, e não procederem sem o mesmo.

A luta dos Dongria tem sido comparada à mesma dos Na’vi do sucesso de Hollywood, Avatar.
© Survival

A Survival International e os seus apoiadores têm apoiado a luta dos Dongria realizando protestos, enviando milhares de cartas ao governo indiano, recrutando o apoio de celebridades como Joanna Lumley e Michael Palin, e pondo na atenção mundial a luta da tribo. O tratamento dado aos Dongria pela Vedanta foi desaprovado pelo governo britânico, entre outros, e vários acionistas como a Igreja da Inglaterra retiraram-se por razões éticas.

O diretor da Survival, Stephen Corry, disse hoje, ‘A Vedanta tem afirmado, ainda que as evidências mostrem o contrário, que os povos indígenas estavam a favor da mina. Os Dongria mostraram claramente que isso não é verdade. A Vedanta necessita mudar radicalmente a forma em que faz negócios. Se o governo indiano não acabar com esse projeto de uma vez por todas, isso será uma negação transparente de justiça e direitos humanos.’

Fonte: Survival International

Turismo e desenvolvimento econômico

Por Flávio Dino

O Brasil teve a alegria de recepcionar dois dos maiores eventos mundiais este ano. Em junho, a Copa das Confederações, evento preparatório à Copa do Mundo, voltou os olhos dos apaixonados por futebol para o nosso país. Já em julho, fomos o primeiro destino de uma viagem internacional do Papa Francisco, com a realização da Jornada Mundial da Juventude.

A cena de milhões de brasileiros e estrangeiros se confraternizando na missa de Copacabana coroa o momento fantástico que estamos vivendo no turismo brasileiro. No mês de julho houve uma alta de 27% no ingresso de estrangeiros nos oito principais aeroportos do país.

A tendência é de que o crescimento continue nos próximos anos, a partir do ganho de visibilidade que o Brasil está conquistando. Oito em cada dez turistas que vieram para a Jornada Mundial da Juventude nunca haviam pisado no Brasil antes. E elogiaram o que viram: 89% declararam-se “satisfeitos” ou “muito satisfeitos”, segundo pesquisa feita pela Embratur. Nove em cada dez deles pretendem voltar ao país.

Esses dados são muito importantes, pois, aumentando a nossa participação no mercado internacional, iremos gerar maior entrada de divisas para a economia de centenas de cidades, que é o principal fator positivo do turismo como ferramenta de desenvolvimento regional no Brasil.

Somente a Jornada Mundial da Juventude e a Copa das Confederações já tiveram, juntas, um impacto de quase R$ 2 bilhões na economia brasileira – abrangendo divisas trazidas por estrangeiros e a movimentação econômica indireta nas cidades.

Agora estamos diante dos preparativos para os dois principais megaeventos que o Brasil receberá: a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio, que, com certeza, terão um impacto econômico equivalente a dezenas de bilhões de reais.

Para levar esse efeito positivo ao maior número de cidades, o governo federal estimula que esse turista dos megaeventos vá a outras cidades, além das que sediam os jogos. Essa é minha luta diária, à frente da Embratur. Com esse objetivo, temos, por exemplo, ampliado o investimento na promoção turística do Nordeste. Em 2012, foram R$ 21 milhões investidos para a promoção de estados nordestinos, contra menos de R$ 15 milhões em 2011.

E vamos fazer mais. Em setembro, vamos retomar os seminários Goal to Brasil, em sua segunda temporada. Faremos edições do Goal to Brasil na Colômbia, Estados Unidos e Holanda. No ano que vem, teremos mais seis edições. Em paralelo, se desenvolve uma agenda promocional em feiras, workshops, caravanas, eventos culturais, mídia digital, relações públicas e publicidade, de modo a que, no ano inteiro, a imagem do Brasil esteja presente mundialmente.

Assim, progressivamente, vamos fortalecendo a economia do turismo como elemento integrante do proposito de obter mais qualidade de vida para o nosso povo.

Flávio Dino é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal.

Fonte: Embratur

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Líder quilombola do Marajó é assassinado em Belém

Foto: divulgação

O líder quilombola Teodoro Lalor de Lima, conhecido como senhor Lalor, presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombo de Gurupá, no município de Cachoeira do Arari, no Marajó, foi assassinado na manhã de ontem (19), em Belém. O crime aconteceu quando Lalor desembarcava para uma reunião na capital paraense de organizações quilombolas do Pará. Ainda não há informações sobre a forma em que foi assassinado.

No último dia 13, o presidente denunciou, durante uma audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal (MPF-PA) e Ministério Público do Estado, em Cachoeira do Arari, a perseguição de fazendeiros da região à comunidade quilombola. Ele disse ainda que ficou preso por dois meses sem acusação formal, a mando de fazendeiros que se sentem prejudicados pela demarcação das terras quilombolas.

Entre as denúncias feitas pelo líder quilombola, está também que crianças da comunidade estavam sendo presas por colher açaí em áreas quilombolas.

NOTA

De acordo com informações da nota enviada pelo Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Marajó (Codetem), Diocese de Ponta de Pedras e Instituto Peabiru, na noite desta segunda-feira (19), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) entregou à Comunidade de Gurupá o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID).

A nota afirma que representantes visitaram o quilombo, no último dia 14, para saber a situação em que vivem os mais de 700 moradores. Eles afirmam que a comunidade está alarmada e pede ajuda do Ministério Público para que os direitos da população não sejam cerceados e que haja proteção das pessoas que fazem denúncias de discriminação e opressão.

Fonte: Diário Online

Município de Carolina lança site de serviços e informações turísticas

        A cidade de Carolina, internacionalmente conhecida por suas belezas naturais e   esportes radicais, agora possui seu próprio endereço virtual.
O site www.carolina.ma.gov.br já está disponível e passa a oferecer informações sobre produtos e serviços turísticos além de galeria de fotos, áudio, vídeo e informações sobre a cidade.
Segundo o Prefeito Ubiratan Jucá, a ferramenta ainda apresenta o histórico completo do município o que deverá contribuir para a promoção do destino.
“Estamos inaugurando um novo tempo na cidade de Carolina, com oferta de serviços voltados ao atendimento dos anseios da população. O site sem dúvida servirá como mais uma importante ferramenta que vai contribuir para a promoção nacional e internacional dos atrativos e serviços oferecidos em nossa cidade”, pontua.
O site também apresenta o Portal da Transparência. O mecanismo assegura a boa e correta aplicação dos recursos públicos. O objetivo é aumentar a transparência da gestão pública, permitindo que o cidadão acompanhe como o dinheiro público está sendo utilizado e ajude a fiscalizar.
Outro item importante é o acesso fácil e rápido do servidor público ao contracheque online. O benefício estará disponível nas próximas semanas.
A página esta integrada às redes sociais (Facebook), facilitando o compartilhamento de informações e interação entre o destino Carolina, internautas e visitantes.
Para acompanhar informações e ações do município de Carolina basta acessar www.carolina.ma.gov.br ou facebook.com/PrefeituraMunicipaldeCarolina.
Fonte: Assessoria.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sobreviventes do massacre de Haximu falam 20 anos depois

Sobreviventes do massacre de Haximu em que garimpeiros mataram 16 Yanomami seguram urnas contendo as cinzas de seus parentes.
© C Zacquini/ Survival

Sobreviventes de um massacre terrível em que dezesseis Yanomami foram mortos pelas mãos de garimpeiros ilegais falaram vinte anos após o ataque, enquanto garimpeiros continuam a invadir a terra Yanomami.

O massacre da comunidade Haximu na Amazônia venezuelana foi realizado por 22 garimpeiros brasileiros em 1993. No violento ataque, os garimpeiros atiraram em mulheres, crianças e anciãos, e mataram um bebê com um facão.

Sobreviventes do massacre, Marisa e Leida Yanomami, disseram em uma rara entrevista: ‘Os garimpeiros mataram meus irmãos, irmãs e meu pai com terçados; alguns morreram com armas de fogo.… Nós não podemos falar muito porque é uma tristeza. Quando nós falamos sobre o massacre nós lembramos do nosso pai’.

Vinte anos depois, os territórios Yanomami no Brasil e na Venezuela continuam sendo invadidas por garimpeiros ilegais que poluem os rios com mercúrio, destroem a floresta e continuam a atacar os Yanomami apesar de uma operação das autoridades brasileiras para retirar os garimpeiros da terra Yanomami.

Milhares de garimpeiros ilegais continuam trabalhando na terra Yanomami, poluindo seus rios e destruindo a floresta.
© Survival

Na Venezuela, os Yanomami temem uma invasão de larga escala em suas terras, após a empresa estatal chinesa CITIC ter sido contratada para explorar, mapear e catalogar reservas minerais na Venezuela, muitas das quais se encontram em terras indígenas.

COIAM, um grupo de organizações indígenas da Amazônia, condenou os planos da CITIC e declarou: ‘Solicitamos ao Governo Nacional a revisão urgente de todos os projetos e a não implementação dos mesmos em territórios e comunidades indígenas devido aos possíveis impactos destrutivos ambientais e socio-culturais. A vida e a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas e das futuras gerações dependem da proteção integral de seu habitat e terras.’

No Brasil, os Yanomami são veementemente contra ao projeto de lei de mineração que vem sendo debatido no Congresso Nacional, que se for aprovado, abrirá o território Yanomami e outros territórios indígenas para a mineração em grande escala, e trará mais invasores para seus territórios.

Cinco dos autores do massacre de Haximu foram condenados por genocídio, uma decisão que foi aclamada como histórica e sem precedentes. Mas hoje, apenas um garimpeiro continua na prisão. Um outro que cumpriu parte de sua sentença, voltou a garimpar ilegalmente na terra Yanomami e foi novamente preso durante uma operação para retirar os garimpeiros da terra Yanomami no ano passado.

Após o ataque, garimpeiros queimaram o shabono (casa comunal) de Haximu.
© Oscar Márquez/ Comissão Interministerial da Venezuela sobre Haximu

Davi Kopenawa, um porta-voz Yanomami, disse à Survival: ‘Eu nunca esqueci de Haximu. Os garimpeiros mataram dezesseis Yanomami e os mesmos garimpeiros voltaram para lá. Nós estamos revoltados porque os garimpeiros não foram punidos e não sofreram como nós sofremos.’

Na esteira do massacre várias comissões binacionais foram criadas, incluindo uma para monitorar e combater o garimpo ilegal. No entanto, parece ter estado inativa durante muitos anos. Survival escreveu para os dois governos instando-os a manter seus acordos para controlar o garimpo ilegal e proteger a terra Yanomami.

Os Yanomami passam de 30.000 e são a maior tribo relativamente isolada na América do Sul, abrangendo a fronteira entre Venezuela e Brasil. Uma onda de garimpeiros ilegais dizimou a tribo na década de 1980, quando um em cada cinco Yanomami no Brasil morreu em violentos ataques ou por doenças trazidas pelos invasores.

Stephen Corry, diretor da Survival International, disse hoje: ‘Tanto o Brasil como a Venezuela continuam a permitir que os garimpeiros ilegais operem dentro da terra Yanomami, apesar de conhecerem os horrores que eles causaram. O Brasil em breve receberá o mundo quando for sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas – mas seu governo pode realmente fazer cumprir a lei dentro de suas próprias fronteiras?’

Fonte: Survival International

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Terezinha Rêgo: responsabilidade social apesar das dificuldades

Terezinha Rêgo em seu consultório localizado no Herbário Ático Seabra - UFMA. Foto: Juliana Vieira.

Terezinha Rêgo, coordenadora do Programa de Fitoterapia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), percorreu uma longa trajetória na busca por um dos seus principais objetivos de vida: estudar e descobrir as propriedades medicinais da flora maranhense a fim de beneficiar a comunidade com medicamentos fitoterápicos mais baratos e com menos efeitos colaterais.

Com doutorado em Botânica pela USP, ela foi responsável pelo desenvolvimento de três medicamentos fitoterápicos que auxiliaram no tratamento da pneumonia asiática – pelo qual recebeu até prêmio na China. Além disso, por meio do Programa de Fitoterapia – programa de extensão da UFMA –, atende um grupo de 27 portadores do vírus HIV que recebem tratamento fitoterápico gratuito que ajuda a aumentar a resistência do portador.

Dentre os projetos sociais que estão sendo desenvolvidos atualmente, Terezinha destaca o trabalho realizado no Liceu Maranhense. Toda a primeira e última quinta-feira do mês, a doutora desloca-se para o colégio a fim de prestar assistência aos alunos, professores e demais funcionários da instituição. Além disso, ajudou a criar o horto medicinal do Liceu, onde os alunos são estimulados a plantar e cuidar das plantas.

“Eu tenho uma história muito marcante com o Liceu. Eu fui aluna do Liceu, fui professora do Liceu, sou aposentada pelo Liceu como professora de biologia, e agora eu volto pro Liceu como profissional, dando a minha contribuição para melhorar a qualidade de vida dos estudantes do Liceu”, relata Terezinha.

Dificuldades

Mesmo o estudo das plantas tendo-se mostrado, notadamente, ser de grande importância para a área da saúde – área essa que no Brasil encontra-se em estado emergencial –, Terezinha afirma que as instâncias governamentais ainda não têm atentado para a sua relevância. “Sentimos muito a falta de apoio do governo para a realização desses estudos, tendo em vista a potencialidade das plantas brasileiras. O Brasil é o país com maior potencialidade de plantas medicinais. Essas plantas estão sendo levadas para o exterior, patenteadas e voltam sob a forma de insumos para a fabricação dos nossos medicamentos. Nós compramos em dólar aquilo que as multinacionais levam sem pagar nada”, denuncia ela.


Além disso, a doutora também relata faltarem recursos que possibilitem o aprimoramento e intensificação de suas pesquisas na Universidade. “O espaço físico nós temos e, quanto a isso, não deixo de agradecer ao professor Aldir Melo, que se sensibilizou muito com o nosso projeto. Nós ficávamos jogados ‘nos porões’ da escola de Farmácia”, conta ela. “O que a gente se ressente é pela falta de um laboratório para controle de qualidade, que nos permita levar adiante mais pesquisas e isolar mais princípios ativos”, aponta. “Acho que deveria ter um apoio mais substancioso quanto à preparação de um laboratório de controle de qualidade para que a gente pudesse expandir mais os nossos projetos. Nisso a gente se ressente”, lamenta-se Terezinha.

Terezinha, hoje com 80 anos de idade – tendo, destes, devotado mais de 50 ao estudo das plantas –, acredita estar se aproximando o momento de parar de trabalhar (descanso mais do que merecido, dada a idade em que se encontra). Até então, ela tem dado continuidade às suas atividades junto ao Programa de Fitoterapia da UFMA por conta da paixão que sente pelo que faz. “Essa é a minha vida, é a minha maneira de ser e de viver. Eu digo que a Fitoterapia é o meu oxigênio”, revela.

Outro motivo que a leva a ainda continuar desempenhando suas funções, é o fato de, segundo ela, não ter quem dê prosseguimento aos estudos da flora maranhense. “O que me preocupa muito é que eu não tenho conseguido adeptos para darem continuidade ao trabalho. Eu tenho vários bolsistas, mas a fitoterapia não dá tanto retorno financeiro. Eu não conheço nenhum botânico rico. A gente luta com muita dificuldade, é uma dedicação constante. Os estudantes de Farmácia começam a estudar botânica no primeiro período. Aí eles vêm para cá animados e até vão comigo para os interiores ministrar palestras, mas quando eles começam a fazer análises clínicas, que é muito mais rentável, eles abandonam a fitoterapia”, lamenta-se a doutora.


Atendimento ao público


Em seu consultório (Herbário Ático Seabra, UFMA - Av. dos Portugueses, 1966, Bacanga), Terezinha Rêgo faz atendimentos de segunda à sexta-feira das 8:00h às 12:00h e das 14:00h às 18:00h. Durante a consulta ela pode indicar fitoterápicos para o alívio de doenças, como a gastrite, algumas intolerâncias alimentares leves, artrite, artrose, reumatismo e outras.


A consulta é gratuita para discentes e docentes da UFMA e para moradores de comunidades carentes, como Fumacê, Bacanga, e outras. Para os demais, é cobrada taxa de R$ 50,00, valor que é destinado à manutenção do Programa de Fitoterapia da Universidade.


Para agendar uma consulta, é necessário ligar para o número: (98) 3272-8525/8524. E para contatar Terezinha por e-mail: terezinha_rego@hotmail.com.


Veja também:

‘Cabacinha’: tratamento natural, descoberto por pesquisadora maranhense, para aliviar rinite, sinusite e adenoide
Tratamento fitoterápico desenvolvido por maranhense garante mais qualidade de vida aos portadores de HIV

Autora: Juliana Vieira, da Redação.

A Survival celebra as habilidades engenhosas dos povos indígenas no Dia do Índio da ONU

Survival está marcando o Dia do Indígena da ONU com uma galeria mostrando habilidades engenhosas dos povos indígenas e as ameaças que eles enfrentam.
© Claudia Andujar/Survival

Survival International publicou uma galeria fotográfica antes do Dia Internacional do Índio da ONU comemorado no dia 9 de agosto, retratando algumas das habIlidades extraordinárias dos povos indígenas do mundo e as ameaças que eles enfrentam contra suas vidas e terras.

Dos caçadores do Canadá aos caçadores-coletores da África, os povos indígenas têm encontrado maneiras engenhosas para sobreviver em um variado e, muitas vezes, hostil ambiente ao longo de milhares de anos, enquanto mantendo um delicado equilíbrio entre o homem e a natureza.

A galeria revela como os Jarawa das ilhas Andaman na Índia cospem seiva de planta sobre a colmeia para afastar as abelhas e retirar o mel; os Moken ‘ciganos do mar’ desenvolveram uma habilidade única de focar debaixo d’água, a fim de mergulhar por comida no fundo do mar; e os caçadores pigmeus são tão bons imitadores que eles podem imitar o som de um antílope em apuros a fim de atrair outro para fora do arbusto.

Os Awá são a tribo mais ameaçada do mundo. Eles estão ameaçados de extinção devido à exploração ilegal de madeira em suas terras e a ataques violentos.
© Domenico Pugliese/Survival

A galeria fotográfica da Survival para o Dia Internacional do Índio também mostra imagens dos Awá, a tribo mais ameaçada do mundo. Os Awá cuidam de diferentes espécies de filhotes órfãos de macacos amamentando-os e extraem a resina da árvore brasileira pau brasil para iluminar as casas durante a noite.

Mas hoje, os Awá estão ameaçados de extinção devido à extração ilegal de madeira de suas florestas e dos ataques violentos realizados por invasores de suas terras. Survival International tem instado o governo brasileiro para expulsar os madeireiros ilegais, os posseiros e os fazendeiros do território Awá em caráter de urgência.

O Diretor da Survival Stephen Corry disse hoje, ‘As surpreendentes habilidades exibidas nesta galeria são prova da criatividade latente da humanidade, e nossa extraordinária capacidade para nos adaptar a uma enorme variedade de diferentes ambientes. Mostra também como os povos indígenas não apenas sobrevivem, mas prosperam, quando suas terras são devidamente protegidas.’

O pássaro ‘guiador de mel’ leva os Hadza da Tanzânia até as colmeias de abelhas selvagens localizadas na árvore baobá. O pássaro é recompensado com as sobras dos favos de mel.
© Joanna Eede/ Survival


Fonte: Survival International

Situação dos Produtores da Reserva Awá Guajá é discutida em audiência

SÃO LUÍS - O deputado Weverton Rocha fez uso da palavra no plenário da Câmara dos Deputados para elucidar algumas questões quanto à situação da reserva Awá Guajá, amplamente comentado pela matéria da jornalista Miriam Leitão e do fotografo Sebastião Salgado no jornal O Globo dos dias 04 e 05 de agosto, que trata sobre a ação específica de madeireiros ilegais e agentes do governo federal tem entrado em choque, tendo no meio da disputa uma aldeia de índios.

A maior preocupação é a grande operação de expulsão dos não-índios, moradores dos municípios de Centro Novo, Zé Doca, Newton Belo e São João do Caru, e em momento algum tem sido tratado a digna indenização ou realocação dos produtores que possuam termos de posse dos seus terrenos anteriores a criação da reserva.

"São produtores de farinha, de feijão que tiram dessas pequenas produções sua subsistência. Cerca de 6 mil brasileiros que estão sendo tratadas como bandidos e serão retiradas da reservas e não tem para onde ir”, reforçou Rocha.

O deputado aprovou a realização de uma Audiência Pública pelo requerimento nº 346 da Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Amazônia (Cindra) para que sejam tratados a situação dos produtores locais, e também solicitou aos parlamentares uma ampla discussão sobre o tema. A data prevista para a audiência é 20 de agosto de 2013.

Fonte: Survival International

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Ministros peruanos renunciam por causa do projeto de gás da Amazônia

A expansão do Projeto de gás de Camisea ameaça as vidas dos índios isolados que são altamente vulneráveis, como os Nanti.
© Survival International

Pelo menos três ministros renunciaram no Peru, em meio a crescente pressão para aprovar o polêmico projeto de gás na Amazônia.

O plano de expansão do atual projeto de gás da Camisea, que está dentro da reserva Nahua-Nanti para tribos isoladas, tem sido amplamente condenado, e em março, a ONU pediu a sua ‘suspensão imediata’.

O Ministério da Cultura do Peru, encarregado de proteger os direitos dos povos indígenas, emitiu, na semana passada, um relatório indicando os perigos que o projeto colocaria para as vidas dos índios isolados. Entretanto o relatório desapareceu apenas algumas horas depois de ter sido publicado on-line, e tanto o ministro como o vice-ministro da Cultura deixaram o cargo.

Entre as preocupações apresentadas no relatório do Ministério, estão o risco de propagação de doenças entre os índios isolados, que não possuem imunidade para doenças comuns que podem ser trazidas por trabalhadores das companhias de petróleo e por forasteiros.

O plano de expansão de Camisea inclui a detonação de milhares de explosivos e a perfuração de mais de 20 poços, pondo em perigo as vidas das tribos isoladas.
© A. Goldstein/Survival

O projeto Camisea já levou à morte de cerca de metade dos Nahua depois que eles foram contatados pela primeira vez após as explorações petrolíferas iniciais na década de 1980. Os Nahua continuam a sofrer de graves problemas de saúde, como é comum entre índios de recente contato, e a expansão de Camisea cortará ainda mais fundo a sua floresta.

Em uma carta escrita para o Ministério da Cultura, no mês passado, os Nahua rejeitaram o plano de expansão, afirmando, ‘Nós decidimos não permitir que a companhia de petróleo Pluspetrol realize o seu trabalho no nosso território’ devido as suas ‘repetidas quebras de promessa.’

Camisea é dirigida por um consórcio de empresas lideradas pela Pluspetrol da Argentina, pela Hunt Oil dos Estados Unidos e pela Repsol da Espanha. Os planos de expansão incluem a detonação de milhares de explosivos e a perfuração de mais de 20 poços.

O diretor da Survival Stephen Corry disse hoje, ‘o governo do Peru parece ter sido apanhado em um tipo de ‘febre do gás’, em que o governo parece determinado a avançar com a expansão do projeto de Camisea, apesar da oposição da ONU, e até mesmo de alguns de seus próprios ministros. Os cidadãos peruanos deveriam estar se perguntando, ‘O que é mais importante – a vida dos índios ou os lucros estrangeiros?’

Fonte: Survival International

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Audiência Pública sobre trata sobre população atingida pela Estrada de Ferro Carajás


O município de Monção recebeu no último sábado (27), mais uma audiência pública do Consórcio dos Municípios da Estrada de Ferro Carajás (COMEFC). Estiveram presentes no evento, a presidente do consórcio e prefeita do município de Bom Jesus das Selvas, Cristiane Damião; o prefeito de Pindaré Mirim, Walber Furtado; o prefeito de Alto Alegre do Pindaré, Atemir Botelho; Raimundinho, prefeito de Igarapé do Meio; o prefeito de Monção, Queiroz, lideranças comunitárias da região e duas comunidades do município de Igarapé do Meio.

A audiência serviu para esclarecer os principais objetivos do COMEFC, além de receber a demanda da população atingida pela Estrada de Ferro no município. O prefeito de Monção, Queiroz afirmou que todas as medidas para incentivar e apoiar o consórcio serão realizadas. “Só quem vive essa dura realidade, pode sentir a necessidade de medidas urgentes. Nós enfrentamos o barulho, a poluição e as mortes. O COMEFC está lutando pela melhoria da qualidade de vida de mais de 1 milhão e 800 mil habitantes”, disse o prefeito.

A presidente do COMEFC , Cristiane Damião acredita que o consórcio está sensibilizando todas as esferas políticas para que a luta seja em conjunto. “Estamos unidos nessa luta. Já realizamos mais de 16 audiências e a população está cada vez mais pedindo respostas por parte da VALE”, concluiu a prefeita.

No final da audiência, mais de 600 pessoas resolveram interditar o trecho da ferrovia Carajás no município. A população marchou em direção à ferrovia, que ficou interditada por cerca de 4 horas. Um trem de passageiros que completava o percurso São Luís/Parauapebas permaneceu parado durante a manifestação.

De forma pacífica os manifestantes exigiam em medida de urgência, que a VALE repasse aos municípios atingidos compensações sociais, econômicas e ambientais.

Fonte: Assessoria COMEFC