segunda-feira, 28 de julho de 2014

Revitalização no Centro

A Blitz Urbana fez no último dia 27 uma operação na Praça da Alegria e remanejou para a Praça Deodoro cerca de 25 vendedores ambulantes que há vários anos invadiram o local e o transformaram em um mercado a céu aberto. A desocupação é o primeiro passo para a revitalização do logradouro, uma das dezenas de obras previstas para São Luís com recursos do PAC Cidades Históricas, concedidos pela presidente Dilma Rousseff. A intervenção não poderia ser mais oportuna, já que a Praça da Alegria e todo o seu entorno compõem uma das áreas mais inóspitas do centro da capital devido à ocupação ilegal do espaço público e à criminalidade.

Além de pôr no chão as estruturas, a Blitz Urbana apreendeu materiais usados pelos ambulantes, principalmente itens utilizados no preparo de alimentos. A propósito, a comida servida no local era vendida livremente, sem cumprir as exigências sanitárias. Por isso, ao livrar a praça desse tipo de comércio, o poder público atacou também um problema de saúde pública.

A reforma da Praça da Alegria é uma intervenção extremamente necessária, tendo em vista o estado caótico do logradouro, que hoje não exibe qualquer atrativo. Não bastasse a invasão do espaço pelo comércio informal, há denúncias de que a praça tornou-se ponto de venda de drogas, sem contar os assaltos que ali ocorrem diariamente. Recuperá-la, portanto, é dar nova vida a um ambiente tristemente degradado ante a omissão dos governantes.

A capital maranhense foi contemplada com R$ 133 milhões para a recuperação de prédios históricos, ruas e praças, por meio do PAC Cidades Históricas, programa do Governo Federal. No total, são 45 obras, todas elas destinadas à restauração do patrimônio histórico de São Luís. Igreja da Sé, Palácio Cristo Rei, Mercado Central, Rua Grande, Largo do Carmo e as praças da Alegria, João Lisboa, Deodoro e do Pantheon foram incluídos no programa, cujas obras terão acompanhamento direto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Uma vez concluídas, essas reformas darão um novo aspecto ao centro da capital, resgatando não só o acervo físico, mas toda uma história.

Algumas dessas obras já estão em pleno andamento, como as reformas da Igreja da Sé e do Palácio Cristo Rei. A Praça do Pantheon também foi alvo de uma operação de retirada de ambulantes, de modo a prepará-la para a restauração, que permitiria, inclusive, o retorno dos 18 bustos de personalidades e intelectuais maranhenses retirados do local há quase 10 anos por causa da degradação do espaço. Mas, passado quase um ano desde que o logradouro foi desocupado, não há nem sinal de início das obras. A única intervenção feita foi o isolamento da praça por tapumes. Na última sexta-feira, houve a assinatura da ordem de serviço para a recuperação do Mercado Central e a previsão é de que as obras comecem ano que vem.

O reordenamento do espaço público é fundamental para a cidadania e a civilidade. Com inúmeros exemplos de desrespeito às normas urbanas, São Luís tem sua rotina perturbada diariamente pelo caos. A remoção dos ambulantes da Praça da Alegria foi uma iniciativa positiva, entre tantas outras que devem ser tomadas para pôr ordem na cidade.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

LUTO NA LITERATURA: "Tudo que é vivo morre" diz Ariano Suassuna


Ariano Suassuna tinha mais medo de gente que de fantasma e a morte não lhe causava temor. Era herói diante dela. Ria ao falar de Caetana - como a morte costuma ser chamada na Paraíba. Para ele, era uma dama bonita e carinhosa que vinha para cortejá-lo às vezes, mas sempre havia um acordo de adiamento, afinal O jumento Sedutor, que precisava ser terminado. “Sou paraibano e não gosto de confessar que tenho medo. Eu conheço a palavra ‘medo’, porque li no dicionário, mas não sei o que é não. (…) Eu só me contento de encarar a maldita Caetana se ela vier na forma de uma mulher acolhedora, carinhosa, bonita e amante.” Caetana, porém, chegou no fim da tarde de ontem e levou Suassuna, aos 87 anos, para algum reino fantástico que ele, possivelmente, já imaginara.

Ele esteve em Brasília para receber homenagem durante a II Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em abril deste ano. Foi aplaudido de pé ao entrar no auditório do Museu Nacional, onde prendeu a atenção do público durante a aula-espetáculo que, como todas as outras que fez durante a vida, teve por mote a valorização da cultura popular. Ariano reivindicava nas palestras o Brasil como berço de sua própria manifestação cultural.

Caminhando lentamente, após um cuidadoso café da manhã e de se abastecer de remédios, Ariano seguiu em direção ao que seria a última entrevista para o Correio, dos Diários Associados. Falou sobre o andamento do livro, que seria acrescido do episódio do infarto, que sofreu em agosto do ano passado. “O texto já está pronto. Estou fazendo mudanças e colocando ilustrações que são todas feitas à mão. O livro também é escrito à mão. Eu só tenho prazer de escrever à mão.”

O escritor e dramaturgo não tinha pressa para produzir. Escrevia e reescrevia várias vezes. Era um processo lento do qual se orgulhava. O romance d’A Pedra do Reino, por exemplo, levou 12 anos para ser concluído. Gostava do corpo a corpo com o livro e preferia não limitar a própria literatura, que considerava fantástica demais. “Quanto ao uso de figuras reais no meu livro, como minha literatura é muito fantástica, isso contribui para prender um pouco o universo do livro à realidade e dar uma certa credibilidade (risos).”

A conclusão do romance O Jumento sedutor foi adiada várias vezes, durante 30 anos. Sempre havia um fato novo para incluir, personagens novos que surgiam. “Estou cansado de marcar data. Desse jeito vão dizer que sou mentiroso e vou acabar desmoralizado. Ainda mais agora, que não faço mais nada a não ser completar 80 anos”, contou em 2005.

Membro da Academia Brasileira de Letras, onde ocupava a cadeira 32, Ariano eternizou nos livros encantamentos da infância, como a chegada do circo no sertão. “Bastava eu ficar sabendo que o circo havia chegado na cidade para aquele cotidiano cinzento se transformar. Era um acontecimento maravilhoso, mágico. O meu campo de vista se abria para outro universo, mais rico, mais festivo, mais bonito”, disse o dramaturgo em entrevista em1997.

Nada na obra de Suassuna é por acaso. O circo, do ponto de vista do teatro, por exemplo, foi também foi a primeira grande influência de Ariano. No picadeiro assistiu as primeiras peças, melodramas como O terror da Pedra Morena e A ladra. O Brasil ficou menor sem o escritor. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Turismo: inscrições abertas para qualificação no exterior

Os estudantes brasileiros que desejam se qualificar profissionalmente fora do país terão o apoio do Ministério do Turismo. Com o objetivo de contribuir com a boa formação de profissionais bilíngues, o MTur oferece 110 bolsas de estudo para alunos matriculados em cursos de bacharelado, licenciatura ou tecnólogo em Turismo e/ou Hospitalidade.

Os cursos de qualificação profissional serão oferecidos por instituições de ensino da Espanha e Inglaterra. O bolsista receberá ajuda de custo de 300 euros, auxílio-deslocamento, alojamento e seguro-saúde. Para concorrer a uma das 60 bolsas de estudo para a Espanha ou 50 para o Reino Unido, o estudante deve se inscrever em apenas um dos processos seletivos.

As inscrições podem ser feitas até 31 de julho, pelo site da Capes. Além de estar matriculado em um curso na área, o interessado também precisa ter obtido nota no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) igual ou superior a 600 pontos, em exames realizados entre 2009 e 2013, e comprovar a proficiência em inglês ou espanhol.

Com duração aproximada de três meses, os cursos incluem disciplinas ligadas ao setor turístico, com destaque para liderança, inovação, gestão da qualidade, marketing, hotelaria, eventos, gastronomia e idiomas. Também serão desenvolvidas atividades práticas em empresas do ramo, que darão aos bolsistas uma oportunidade de enriquecer sua experiência internacional. O projeto conta com o apoio operacional da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

“A escolha do Reino Unido e da Espanha como parceiros neste projeto se deve ao fato de que ambos são países com intenso fluxo turístico, reconhecidos como importantes receptores. Além disso, têm reconhecimento pela qualidade de suas instituições de ensino superior”, destaca o ministro do Turismo, Vinicius Lages.

Os estudantes interessados em participar do processo seletivo para as bolsas podem consultar os editais nº 01/2014 (Espanha) e nº 02/2014 (Reino Unido), publicados no último dia 14 de julho no Diário Oficial da União. Mais informações devem ser obtidas por e-mail (bolsa@turismo.gov.br) e pelo telefone (61) 2023-8293.

O projeto pioneiro de qualificação profissional aconteceu em Portugal, em 2013, com 50 estudantes brasileiros bolsistas, com aulas práticas e teóricas sobre diversos aspectos do turismo, além de curso de aperfeiçoamento em língua inglesa.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Fantástico denuncia desvio de dinheiro público no Maranhão

Na última semana, os repórteres Eduardo Faustini e Luiz Cláudio Azevedo, do programa Fantástico, da TV Globo, investigavam denúncias de desvio de dinheiro público em duas cidades – Anapurus e Mata Roma, no Maranhão –, quando foram vítimas de uma emboscada. Criminosos levaram a câmera da equipe. Na quinta-feira (18), a polícia identificou e prendeu o policial militar Raimundo Silva Monteles, suspeito de acobertar a ação dos bandidos. Ele é sobrinho da prefeita de Anapurus.

A denúncia sobre um esquema de laranjas que movimenta R$ 30 milhões, dinheiro público, em cidades pobres do interior do Maranhão foi o que levou os jornalistas a serem ameaçados. A reportagem foi exibida ontem, domingo (21). São contratos municipais nas mãos de empresas suspeitas, muitas delas não têm sede, e nem capacidade de prestar o serviço. O sofrimento começa na mais básica das necessidades.

Mata Roma e Anapurus são cidades pequenas, cada uma com pouco menos de 16 mil habitantes. Moradores da Zona Rural sofrem com a falta de saneamento básico. Nos dois municípios, essas obras são feitas com dinheiro público. Empresas negociaram nas duas cidades contratos que, somados, chegam a R$ 30 milhões.

Em Mata Roma, a construtora Santa Margarida recebeu, só em 2012, mais de R$ 2,2 milhões para abastecimento e saneamento. A proprietária é Rejânia Maria Pinheiro dos Santos. Ela se recusou a falar com o "Fantástico". Técnicos da Controladoria-Geral da União (CGU) fiscalizaram as obras feitas com dinheiro público no município. Segundo o relatório da CGU, a construtora São Lourenço não está apta a executar obras ou serviço de engenharia.

Transporte escolar

Outro esquema é no aluguel de veículos para a mesma prefeitura. Segundo a CGU, as locadoras Matarromense e Abiviagens receberam, em apenas um ano, R$ 537 mil pelo serviço de transporte escolar. A empresa, também, tem contratos em Anapurus. Na rua que consta como endereço no registro da Matarromense, não existe empresa nenhuma, e nem casa com a numeração fornecida à junta comercial.

A outra locadora que atende à Prefeitura de Mata Roma se chama Abiviagens. Segundo a CGU, os pagamentos à empresa, de R$ 537 mil, não poderiam ter sido feitos devido a várias irregularidades.

Ainda em Anapurus, a empresa Premier tem R$ 3 milhões em contratos para construção e manutenção de estradas e ruas.

O advogado da prefeita Tina Monteles, de Anapurus, diz que ela não cometeu irregularidades: "Nós temos todos os processos licitatórios na maior transparência. Todas as obras estão lá", afirma.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Abla: adiamento do desconto no IPI prejudica locadoras

Com a prorrogação do Governo Federal no desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, o setor de locação de veículos enfrentará desafios, segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla). Para a entidade, o desconto no IPI para veículos novos dificulta a desmobilização dos ativos das locadoras e, consequentemente, inibe parte dos recursos necessários para um aumento mais significativo da frota.

“O setor aluga automóveis. Essa é nossa atividade fim. Não somos revendedores, mas também não somos colecionadores”, afirmou o diretor de Relações Institucionais da Abla, Paulo Gaba Jr. “Faz parte do negócio o momento de desmobilizar ativos e, nesse sentido, também é importante que as regras do jogo não mudem repentinamente, dificultando o planejamento das empresas”.

A alíquota para carros com motor 1.0, atualmente em 3%, deveria aumentar para 7% a partir de hoje. De acordo com Gaba, essas mudanças exigem, principalmente das locadoras, um planejamento ainda mais cuidadoso. “O setor tem demonstrado maturidade suficiente para administrar sua frota”, avaliou o diretor. “Quero dizer que, desde que as regras sejam claras e mantidas, as empresas se planejam e conseguem atuar, seja dentro de um mercado com impostos mais altos ou mais baixos”.

Fonte: ABLA Nacional