terça-feira, 25 de novembro de 2014

Confira entrevista exclusiva com a nova secretária de Turismo do Maranhão

Como já havia previsto este blog em algumas postagens, Flávio Dino traz da Embratur a futura secretária de Turismo.


Flávio Dino, governador eleito do Maranhão, e único nome de destaque ligado ao turismo que conseguiu resultado positivo nas ultimas eleições, anunciou ontem, dia 24, o nome de Delma Andrade para assumir a secretaria de Turismo do Maranhão. Atualmente, a nova titular da pasta trabalha no Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) como diretora de Acompanhamento e Estruturação de Produtos da Embratur.

Como o blog do jornal Cazumbá antecipou em outubro (clique aqui), a pessoa escolhida pelo governador eleito, Flávio Dino, para chefiar a Secretaria de Turismo do Maranhão, seria alguém da Embratur. Delma Andrade é mestre em Antropologia Social pela Universidade de Brasília e também tem o título de especialista em Gestão e Marketing do Turismo. Com experiência em planejamento e gestão pública e privada do turismo, além de pesquisadora e professora em cursos de turismo, Delma levará para a ação no Maranhão toda a experiência que acumulou na Embratur, onde entrou em 1994.

Trabalhar o turismo para o desenvolvimento contínuo do Maranhão. Essa será uma das premissas da Secretária de Turismo do Maranhão, a partir de 01 de janeiro. Numa conversa franca e aberta, o jornal Cazumbá, procurou conhecer um pouco mais das intenções e projetos da nova secretária e ouviu da mesma resposta satisfatória, acompanhadas de muita vontade o que nos dá a certeza da boa escolha do governador eleito Flávio Dino, que traz alguém que trabalhou com ele, quando dirigiu a EMBRATUR. “Essa escolha me deixa muito feliz e com mais vontade ainda de trabalhar pelo Maranhão, uma vez que já tinha trabalhado a questão da promoção cultural do bumba meu boi, como atrativo turístico do Estado”, afirma Delma Andrade.

Jornal Cazumbá - Secretária, como a Senhora se sentiu com o convite para gerir o turismo do Maranhão?
Delma Andrade - Senti-me honrada com o convite. Será um grande desafio, uma vez que já trabalho com o turismo há muito tempo, mas será a primeira vez que atuarei como Secretária e assim me sinto desafiada.

JC - Quais serão as primeiras ações?
DA - Colocar o Maranhão no roteiro do turismo nacional e até internacional, só que antes vamos procurar trabalhar o turismo como ferramenta de desenvolvimento social para o maranhense.

JC - A senhora conhece o Maranhão?
DA - Sim, estive algumas vezes como turista e, também, na gestão do ex-presidente da EMBRATUR Flávio Dino; trabalhamos projetos de promoção da cultura local, como as festividades juninas, especialmente, o bumba meu boi, como atrativo cultural do Brasil e levamos essa cultura aos outros estados, fizemos ações no exterior, esse foi um dos diferenciais do Flávio na EMBRATUR no que tange ao Maranhão. Sei que o Maranhão também tem outras manifestações culturais que enriquecem e pode ser um chamariz turístico para o Estado, como o próprio tambor de crioula, patrimônio cultural e imaterial do Brasil e outros.

JC - Em relação ao Centro Histórico de São Luís, alguma recomendação especial do governador?
DA - Sim, é uma das recomendações do governador trabalhar esse patrimônio, tombado pela UNESCO, fazendo o papel que cabe a Setur de interlocução com as outras secretarias e solucionar os muitos problemas que existem naquele local, ou seja, fazer a tão falada transversalidade dialogando com todos e trazendo soluções.

JC - Como será a escolha dos seus colaboradores, especialmente, do seu secretário adjunto?
DA - Bem, ainda, não estamos trabalhando essa discussão. Primeiro, temos uma transição aqui na EMBRATUR, na qual já atuo por muitos anos e depois vamos trabalhar a transição em São Luís. Semana que vem, todos os secretários se reunirão com o governador, daí já começo o trabalho de transição.

JC - Alguma outra orientação especial do governador?
DA - O governador quer que trabalhemos o turismo social, que todas as camadas da sociedade tenham acesso a esses bens culturais. Trabalhar a Rota das Emoções e outros destinos do Estado. Falo da Rota, porque já conhecemos o trabalho que o SEBRAE tem feito na Rota e queremos somar.

JC - Como vai se dar o relacionamento com o trade turístico do Maranhão?
DA - Em primeiro lugar será um relacionamento cortez, com muito diálogo, buscando sempre o consenso, com pactuação dos interesses coletivos.

JC - O que será feito no que tange à promoção do destino Maranhão?
DA - A primeira coisa a fazer é melhorar a promoção internamente, arrumando a casa e fazendo valer aquela máxima que diz “que o lugar só é bom para o turista quando é bom para sua comunidade”. Isso não quer dizer que não possamos trabalhar em outras frentes.

JC - Quais suas perspectivas?
DA - O governador me convidou e, de imediato, eu comprei essa causa que, para mim, vai muito além do cargo. A minha história de vida está intrinsecamente ligada ao turismo e é uma honra poder somar com o novo governo que logo se inicia, e a satisfação ainda é maior, porque será em um estado que aprendi com o próprio governador a admirar e eu posso contribuir em muito com essas transformações através do turismo.

SAIBA MAIS

PERFIL DA FUTURA SECRETÁRIA
Delma Andrade é mestre em Antropologia Social, pela Universidade de Brasília e também tem o título de especialista em Gestão e Marketing do Turismo. Tem experiência em planejamento e gestão pública e privada do turismo, além de ser pesquisadora e professora em cursos de turismo. Entrou na Embratur em 1994 como estagiária, onde atuou em diversos cargos e projetos até 2010. Em 2012 retornou para atuar como Coordenadora Geral de Estruturação e Acompanhamento de Produtos. Também ocupa o cargo de Diretora de Produtos e Destinos Substituta.

O novo governo do Maranhão e os Objetivos do Milênio

*Paulo Melo Sousa

O governador Flávio Dino irá receber um estado emaranhado num vespeiro. Serão agudos os problemas a enfrentar, com vários nós górdios à espera de quem os desatem. O mais importante nó da antiguidade Alexandre Magno desatou com a argumentação do fio da espada, há mais de dois mil anos. Nos primeiros suspiros do terceiro milênio, contudo, as soluções para problemas crônicos em lugares como o velho Maranhão precisam de outras ações, tanto enérgicas quanto criativas. É grave a situação da educação, saúde pública, segurança. Há desemprego, pobreza, miséria, ausência de garantia dos direitos humanos, enfim, grassa a falta da qualidade de vida, dentre outras pragas apocalípticas.

No bojo dessa Caixa de Pandora repousa o fantasma do desperdício. Um dos focos da questão se relaciona com a corrupção (mas, não somente ela), que deve ser entendida como doença que atinge não apenas a classe política ou a administração pública, mas que se instala no cotidiano da sociedade, em pequenos atos como furar uma fila, lucrar com um troco errado. Anualmente, nada menos que 1 trilhão de reais escorre pelo ralo do desperdício, no Brasil. Isso equivale ao PIB anual da Argentina. A cada mil reais produzidos no país, 250 reais são jogados fora, por conta de incompetência do Estado e do setor privado, falhas de logística e de infraestrutura, burocracia excessiva, descaso, corrupção e falta de planejamento.

Desse total, dentre outros, 70 bilhões de reais são devorados pela corrupção, 13 bilhões ficam por conta do desperdício estimado de faturamento anual das distribuidoras de água, e nada menos que 700 bilhões são deixados de se arrecadar com a presença do comércio informal. Dados da Transparência Brasil para que se faça uma competente lição de casa. Então, evitar o desperdício significa melhorar a qualidade de vida da população, assim como assumir ações afirmativas.

Um dos caminhos que podem ser trilhados pelo programa de governo do futuro mandatário do Maranhão, visando tirar o estado da situação de detentor do segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano - IDH do país aponta, por exemplo, para a incorporação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – ODM, proposição global surgida num documento seminal, a Declaração do Milênio, elaborada pela Organização das Nações Unidas – ONU, e que foi adotada pelos 191 países membros da Organização, no dia 8 de setembro de 2000. A ideia partiu da necessidade de se sintetizar a essência dos mais diversos acordos globais firmados entre os países ao longo dos anos noventa, nos quais foram propostas ações sobre a questão ambiental, desenvolvimento social sustentável, racismo, direitos das mulheres, educação, combate a doenças globais, dentre outras.

A partir daí os países se comprometeram em cumprir, em prazos determinados, uma série de metas que, se respeitadas, deverão melhorar a qualidade de vida da humanidade ao longo deste século. A inclusão dessa importante agenda em programas de governo internacionais, nacionais e locais tem marcado a gestão de governantes sérios, comprometidos com a criatividade e a inovação. As propostas contidas nos oito Objetivos do Milênio, com suas 24 metas, no caso do Brasil, se implantadas de fato, podem ser mensuráveis, cabendo à população não apenas cobrar de seus governantes a aplicação dos Objetivos, mas também colaborando de forma efetiva, participativa, no intuito de se atingir os compromissos assumidos.

As ações pragmáticas de todos os ODM, sem exceção, precisam ser urgentemente implantadas no Maranhão. O primeiro objetivo (erradicar a pobreza e a fome) se aplica diretamente à realidade timbira, já que o estado apresenta o segundo pior IDH do país. Nesse contexto, entra a renda per capita da população, que é dramática. Temos o sério problema de falta de emprego, o que é responsável por ausência de renda; além disso, ao home do campo falta terra para plantio (num estado onde impera o latifúndio), bem como o domínio de técnica para cultivo. Isso impede o consumo e gera a fome.

O segundo objetivo do milênio (atingir o ensino básico universal). É preciso matricular as crianças, garantindo ensino de qualidade para que essas crianças concluam de fato o ciclo básico, resultando em adultos alfabetizados e capacitados como profissionais, com direito, assim, à cidadania. Numa projeção desse investimento, é preciso garantir mais vagas em universidades a esses alunos, futuramente, entrando aí o planejamento estratégico.

A promoção da igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres constitui o terceiro ODM, lembrando que dois terços dos analfabetos do mundo são mulheres, bem como 80% dos refugiados. É preciso superar desigualdades entre meninos e meninas no acesso à escola, combater a violência contra a mulher, sensibilizar os homens com relação a uma paternidade responsável, criar um novo padrão familiar. No Maranhão, a situação da mulher, apesar dos avanços, ainda é deplorável, sobretudo no meio quilombola rural, de maioria negra, entre os indígenas e as lavradoras, marisqueiras, coletoras, como é o caso das quebradeiras de coco babaçu, apesar de algumas conquistas feitas nos últimos anos.

O quarto objetivo do milênio (reduzir a mortalidade infantil) é tarefa árdua. No Maranhão, essa meta está umbilicalmente ligada à saúde. Falta de saneamento básico mata. Há dois anos uma criança morreu a bordo de uma embarcação, numa travessia de Alcântara para São Luís, vitimada por infestação por vermes. Um simples comprimido evitaria essa morte. Faltam postos de saúde, água filtrada, o mínimo de educação, que forneceria, pelo menos, algumas noções básicas de higiene, evitando esse tipo de tragédia. Melhorar a saúde materna, o quinto objetivo do milênio, está relacionado com os dois objetivos anteriores. Em países como o Brasil, a cada 48 partos ocorre óbito da mãe, culpa da falha dos sistemas de saúde pública, que ainda são sofríveis. A questão da saúde está ligada ao sexto objetivo do milênio, que é combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças, como é o caso recente do Ebola e, um pouco antes, a gripe aviária, a febre da vaca louca, dentre outras.

Na pauta do dia, garantir a sustentabilidade ambiental é o sexto objetivo do milênio. Um bilhão de pessoas, em todo o mundo, ainda não possui acesso à água potável, bem como ao saneamento básico. Basta citar o caso recente da falta de água em São Paulo, que está afligindo a população da maior cidade do Brasil, que enfrenta racionamento há meses. Aqui se indica a adoção de políticas e programas ambientais na esfera pública, com sustentabilidade.

No mundo contemporâneo, a palavra de ordem é a preservação ambiental, diante dos índices alarmantes que, ao longo dos últimos anos, vem sendo divulgados sobre a sistemática agressão ao meio ambiente, fruto de uma ideia equivocada de produção em massa, herança da revolução industrial, que imaginava infinitos os recursos naturais. A preocupação está no cardápio da sociedade moderna, e cada país tem assumido compromissos que visam minorar tais danos. Nesse contexto, surgiu a necessidade de se trabalhar com a proposição do desenvolvimento sustentável, agregando os componentes de um crescimento econômico racional, inclusão social justa e conservação ambiental responsável.

O antigo método científico, cartesiano, herança do século XVIII, falhou, e atualmente a visão sistêmica é acionada na análise da física, biologia, medicina e ciências humanas, constituindo assim um novo paradigma, que inclui a interdisciplinaridade, e que representa um alicerce sobre o qual cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais contemporâneos dos mais diversos segmentos sustentam suas análises e práticas.

Cabe apenas aplicar o novo paradigma, buscar ideias criativas (em texto futuro acenaremos com algumas propostas), pois foi em épocas de crise que surgiram as descobertas mais importantes para o progresso humano. E uma das maneiras de se trabalhar essa questão de forma diferenciada é estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento, o oitavo objetivo do milênio, o que inclui redução da dívida externa dos países pobres endividados. No varejo, capacitação de profissionais, acesso a mercado e tecnologia (lutar pela autonomia tecnológica do Centro de Lançamento de Alcântara, por exemplo), favorecendo o crescimento dos pequenos e médios produtores, com concorrência cooperativa entre eles, para promover mutirões de recursos e para que atinjam economia de escala.

Enfim, agindo de forma integrada, com a consciência de que é preciso trabalhar de forma emergencial, mas também com o olhar no futuro, combatendo o desperdício, a corrupção, acionando práticas eficientes, de mãos dadas com a contemporaneidade e trabalhando de forma coerente, transparente e sistemática o Maranhão voltará a ocupar lugar de destaque na estrutura da nação.

*Paulo Melo Sousa é jornalista, escritor, pesquisador de cultura popular, Mestre em Ciências Sociais.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O Desafio do IDH no governo Flávio Dino

Paulo Melo Sousa*

No calor da campanha eleitoral deste ano, o governador eleito do Maranhão, Flávio Dino, assumiu compromisso de, ao final de seu mandato, tirar o Maranhão de uma situação vexatória, a de ostentar o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano - IDH do Brasil. Com o pífio índice global de 0,639, o estado só não perde para Alagoas dentre as unidades da Federação. Essa informação é necessária diante do complexo prato que pousará no cardápio do novo governador, com direito à indigesta iguaria da desigualdade social.

Apontado como o grande responsável por esse quadro desolador, o senador Sarney se defendeu recentemente dessa dura acusação, desqualificando o índice e insinuando, coisa absurda, que não tem responsabilidade alguma sobre essa triste realidade. A verdade é que ninguém quer ser o pai dessa abandonada criança e Sarney não tem a mínima vontade de fazer o exame de DNA.

Ainda em meados do século passado, após derrotar o Vitorinismo, apregoando o discurso da mudança, e substituí-lo por uma oligarquia particular, o velho patriarca chegou a ser presidente da República e, no entanto, manteve o torrão timbira no fundo do poço. Um enigma a ser decifrado, já que ele sempre se disse apaixonado pelo Maranhão. No momento, contudo, não interessa mais saber se a criança teve um pai ou se esse pai vai assumir a paternidade da criança, mas sim que alguém precisa tirar essa criança do cárcere da orfandade!

Entenda a encrenca

O IDH é um índice, em forma de relatório, que serve para se fazer comparação entre os países, levando em conta o desenvolvimento econômico e, por extensão, a qualidade de vida oferecida à população. O relatório é elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, da Organização das Nações Unidas – ONU. O cálculo leva em conta parâmetros sociais e econômicos (educação, expectativa de vida, Produto Interno Bruto – PIB e renda per capita), variando de zero a um, e serve não apenas para países, mas também para estados, regiões e cidades. No último relatório, o Brasil ficou classificado em 79º lugar, o que parece estranho, já que o país é detentor da sexta maior economia do planeta. A decifração da charada está na assombração da desigualdade social.

O Maranhão não é um estado pobre, a priori. Tem o segundo maior litoral contínuo do Brasil, e o maior descontínuo, com grande riqueza de pescado, abriga terras férteis, e muita água (não enfrenta o drama da seca), ostenta uma tradição cultural que facilmente se observa não somente em São Luís, mas em cidades históricas e com grande potencial intelectual, dentre as quais Caxias, por exemplo. O problema do Maranhão é que há enorme desigualdade social, capitaneada por uma distribuição de renda perversa, e que relega grande parte da população à pobreza e à miséria.

A mola do mundo é o dinheiro, e o modelo capitalista, predominante, dita as regras. Os políticos brasileiros, em sua grande maioria, ainda discutem o sexo dos anjos do arcabouço social, e se descuidam da realidade do atual modelo econômico do país, esgotado, e que lança o Brasil em clara recessão. Nos últimos anos, desde o governo FHC, passando por Lula e Dilma, o país tirou milhões da pobreza (com Bolsa-Família e tudo), e tantos outros milhões de pessoas ascenderam economicamente, exigindo um novo padrão do estado, que não se preparou para oferecer às pessoas esse padrão. O modelo econômico atual não atende às demandas educacionais, de segurança pública ou de emprego e renda. Nesse quadro de estagnação se inicia um novo governo petista e, no Maranhão, um governo que promete mudança, duro desafio.

A presidente Dilma Roussef está no pior dos infernos particulares de qualquer governante: não tem um coringa nas mãos para sair da encruzilhada econômica que ora se apresenta à nação, e propõe um plebiscito para que se pense numa reforma política. Lição de quem sabe o que fala: “É muito comum os reformadores do Brasil pensarem que a reforma política é a mãe de todas as reformas, uma condição antecedente. Mas nenhum país reforma a sua política para depois decidir o que fazer com ela. Não acontece assim. A política é reconstruída para resolver uma emergência nacional, para o país andar.  Então a transformação ocorre no meio de uma luta para reorientar o caminho social e econômico. Não tem sentido falar em reforma política se não estiver vinculada a uma tentativa clara de reorientar o caminho.”, diz o filósofo Mangabeira Unger.

Existe uma equação a ser resolvida. Sem crescimento econômico não há como manter emprego e renda, sendo preciso qualificar mão de obra. No entanto, sem crescimento, como investir em qualificação? E sem qualificação, como se pensar em crescimento econômico? Complexo círculo vicioso... Em tempo de crise, o que vale é a criatividade. Afinal de contas, mar calmo nunca fez bom marinheiro...

Nesse sombrio cenário nacional o governador Flávio Dino enfrentará o desafio de governar um estado que se encontra desgovernado. Existem questões estruturais a serem resolvidas no Maranhão, que exigem longo prazo para resolução. Só que não há tempo para esperar esse tempo. O estado requer soluções imediatas, de curto e médio prazo, pois está na UTI do desenvolvimento, da qualidade de vida e dos direitos humanos. Nada disso se encontra separado.

Sejamos claros: sem educação não haverá qualificação para qualquer emprego, sem qualificação não haverá crescimento econômico ou desenvolvimento. Sem desenvolvimento com distribuição justa de renda não haverá justiça social e melhoria da qualidade de vida, com segurança e oferta de emprego, com geração de renda, o que move a economia, que produz desenvolvimento. Enfim, está tudo interligado. Portanto, é necessário que haja ousadia na gestão, com planejamento estratégico, de forma transdisciplinar, sem achismos, sem apostas na ciência irônica. É preciso inovação na gestão, eliminando os vícios da governança, alinhamento com proposições globais, tais como aquelas contidas nos Objetivos do Milênio, dentre outras ideias afirmativas.

Várias secretarias de estado terão nas mãos um espinhoso abacaxi para descascar, dentre as quais as de Infraestrutura do Estado, Desenvolvimento Social, a de Direitos Humanos e Participação Popular, Secretaria do Trabalho e da Economia Solidária e Secretaria de Cidades. Nas mãos, o desafio de elevar o IDH do Maranhão, com transparência, inovação e muita coragem, sobretudo diante do atual cenário econômico e político do país, que ainda não se encontra na UTI, mas que inspira sérios cuidados. Boa sorte a todos, e que bons ventos voltem a soprar no revolto mar do Maranhão.

*Paulo Melo Sousa é jornalista, escritor, pesquisador de cultura popular, diretor da Galeria de Arte Trapiche e Mestre em Ciências Sociais.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Deputado Bira vai propor construção de ciclovias no Estado


O deputado estadual Bira do Pindaré (PSB) vai propor a construção do sistema cicloviário nas novas vias públicas em todas as cidades do Maranhão.

De acordo com o deputado, a iniciativa visa estimular o uso de bicicleta como meio de transporte alternativo no Maranhão, contribuindo com o meio ambiente. “Vai ser uma grande contribuição para o desenvolvimento, um incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte, algo moderno, contemporâneo, necessário, ambientalmente sustentável, que faz bem a saúde, que contribui de todas as formas, além também de contribuir para diminuir o congestionamento do trânsito”, explicou Bira.

Bicicletários
Um Projeto, também de iniciativa, do deputado Bira tramita na Casa Legislativa e prevê obrigatoriedade de cota nos estacionamentos públicos para bicicletas, dessa forma incentivando a população a fazer uso da bicicleta como meio de transporte.

Tanto a indicação quanto Projeto de Lei foram levados ao parlamentar pelo Movimento do Pedal. Movimento de pessoas que ocupa as ruas para defender o uso da bicicleta e se movimenta pela cidade em grupos exercitando, fazendo exercício físico, mas também chamando atenção das autoridades para os problemas que os ciclistas enfrentam nas vias públicas em várias partes do Maranhão.

“Quero reafirmar o nosso apoio a essa luta, do Movimento do Pedal, das pessoas que querem e defendem o uso da bicicleta como meio de transporte e que assim os prefeitos também se sensibilizem e comecem a garantir que todos os projetos futuros já assegurem a implantação de ciclovias”, assegurou.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

SIOGE: Patrimônio do Maranhão

Do retorno de um baluarte cultural no governo Flávio Dino

Paulo Melo Sousa*

Em matéria publicada neste jornal no dia 17 de outubro passado, o escritor Herbert de Jesus Santos, jornalista aguerrido e preocupado com a cultura maranhense, levantou uma importante bandeira, conclamando o futuro governador do Maranhão, Flávio Dino, a ressuscitar o antigo Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado – SIOGE, que foi largado às moscas pelos governos anteriores.

O prédio abrigava o maior parque gráfico do Maranhão, e prestou relevantes e incalculáveis serviços ao estado. Desativado desde 1997, o SIOGE funcionava em prédio localizado à rua Antônio Rayol, Centro Histórico de São Luís, e que se encontra, no momento, totalmente deteriorado, um crime patrimonial perpetrado contra o Maranhão. Situa-se ao lado do Mercado Central, outro logradouro público que se encontra, literalmente, em petição de miséria.

Nesse contexto, é importante informar que o prédio no qual funcionou o SIOGE foi cedido pelo estado à Universidade Federal do Maranhão – UFMA, em acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Segundo duas fontes fidedignas, em caráter irrevogável. Dessa forma, fica difícil a retomada do prédio pelo estado. No entanto, a proposta de reativação do SIOGE permanece de pé, pois independe do prédio em si. Outro imóvel pode abrigar o órgão, de preferência no Centro Histórico.

Muita coisa apodreceu no rincão maranhense, resultado do descaso e da falta de visão de políticos míopes. Lembro-me que, em 1994, o meu primeiro livro de poemas foi publicado pelo extinto Plano Editorial SECMA/SIOGE, numa parceria que foi responsável pela revelação de muitos escritores maranhenses, e que hoje continuam em franca produção.

A Secretaria de Cultura do Estado organizava o concurso literário em busca de novos valores, contratava a Comissão Julgadora e, após o resultado, o SIOGE ficava responsável pela publicação dos livros premiados. Uma sintonia que funcionou durante logo tempo. "Eu lembro que ainda peguei os últimos anos do Suplemento Literário O Vagalume. Era uma referência que se tinha de uma época onde conjuntamente existia uma diversidade de espaços se não para escoamento, mas para a produção de livros: Concurso Literário do Sioge, da EDUFMA, da SECMA, Concurso Literário Cidade de São Luís, Festival de Poesia Falada da UFMA, Festival de Poesia do Poeme-se. Enfim, havia uma esperança maior de publicarmos as nossas pretensões poéticas", declara o ator e escritor Dyl Pires, que hoje integra a “Companhia de Teatro Os Satyros”, de São Paulo.

O suplemento literário “O Vagalume” ultrapassou as fronteiras do Maranhão. “Ele surgiu após as  experiências das edições especiais do Diário Oficial Especial, numa iniciativa de Francisco Camêlo, que implantou a Equipe de Pesquisa e Jornalismo do Sioge, em 1983, coordenada por mim e composta pelos professores Maria José Vale de Oliveira, Alberico Carneiro e pelo jornalista  e escritor Jorge Nascimento, que produziram  durante cinco anos trabalhos de caráter científico e cultural. O Vagalume surgiu no final de 1988, com a mesma equipe, só que tendo como editor Alberico Carneiro”, informa o escritor Wilson Martins.

A iniciativa elevou o nível cultural de várias gerações de maranhenses, não apenas aquela que publicou seus textos no suplemento, mas também as de pesquisadores ulteriores, que ainda hoje bebem nas águas desse mecanismo ímpar da Literatura Maranhense contemporânea.

O prédio no qual funcionou o SIOGE se encontra em área de tombamento, também de responsabilidade do IPHAN, que pode e deve dar sua contribuição para a revitalização física do imóvel, inclusive com renovação de sua fachada, que antes foi coberta por azulejos modernosos, que nem de longe imitam os nossos azulejos portugueses originais.

Por incrível que possa parecer, a Secretaria de Cultura do Estado tem, no Centro de Criatividade Odylo Costa, Filho, uma oficina de azulejaria que nunca foi posta de forma efetiva em funcionamento. Alguns profissionais que ali trabalham (dentre os quais o abnegado senhor Domingos) foram estudar em Portugal com dinheiro do estado, e sabem reproduzir com fidelidade os azulejos portugueses de outrora, os mesmos que ainda hoje adornam as fachadas de muitos de nossos prédios históricos, apesar do vandalismo e do roubo de muitos exemplares.

Esses profissionais estão à deriva, e a produção, ali, é pífia. Esse problema é muito simples de resolver: a questão da recuperação da fachada do antigo prédio já estaria a priori equacionada no que se refere a este pormenor, bastando acionar, através da UFMA, a contribuição desses técnicos e especialistas.
A revitalização do antigo órgão, o SIOGE é uma demanda antiga da classe artística maranhense, e a atual movimentação, capitaneada por Herbert Santos, tem o aval da maioria dos intelectuais contemporâneos do estado ou que moram fora do Maranhão.

O governador eleito, Flávio Dino, é, além de um político já habilidoso, um homem sensível, que possui formação intelectual, e que é dotado de informação cultural, dono de sensibilidade, que sabe ouvir com discernimento. Temos certeza de que está atento a esta demanda, com relação ao SIOGE, cuja revitalização só lhe dará o respaldo de que veio para mudar, de verdade, o Maranhão, em todas as suas estruturas, das quais a cultura representa um dos mais imponentes pilares.

*Poeta, jornalista, pesquisador de cultura popular, Mestre em Ciências Sociais.

Deputado Bira do Pindaré fala sobre sua futura gestão à frente da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Maranhão


Ser referência em Ciência e Tecnologia, aliado uma educação de qualidade, é a ênfase que o futuro Secretário de Ciência e Tecnologia, Bira do Pindaré, fará a partir de primeiro de janeiro, na gestão do Governador Flavio Dino.

Instituições como FAPEMA, UEMA e UNIVIMA terão suas ações voltadas para o novo momento em que o Estado vive e numa estruturação curricular organizada de forma a superar a fragmentação do conhecimento, tal qual tem acontecido nos últimos anos. Unido a isso, vem a inclusão digital. A ideia é levar internet às comunidades da periferia e rurais.

Já no início da gestão, a UNIVIMA deixará de existir e em seu lugar será criado o IEMA (Instituto do Estado do Maranhão). “A ideia é implementar o modelo nacional de formação profissional a exemplo do que o IFMA (Instituto Federal do Maranhão) já faz”, explicou Bira.

Para o Deputado e futuro Secretário, as instituições serão pautadas em uma relação de contextualização com o desenvolvimento do Maranhão, buscando o que se tem de novo e mais avançado em ensino. “Teremos um diálogo aberto com todas as instituições. Queremos fortalecer a academia maranhense para que possamos ter mais saber, mais conhecimento, mais ciência, mais tecnologia. E, para isso, pensamos também na qualificação do nosso quadro e, sobretudo, na produção de ciência e tecnologia”, destacou ele, que completa: “O nosso plano de desenvolvimento quer todas essas instituições integradas, de acordo com a necessidade da comunidade, tendo em vista esse novo momento de governo do Estado”.

Ele aproveitou a oportunidade, também, para falar sobre as bolsas concedidas a pesquisadores: “As bolsas cedidas para pesquisas, a forma de cedê-las será repensada. Utilizaremos critérios mais duros e mais transparentes para que essas venham realmente dá retorno para o Estado da forma correta. Tudo será feito de forma ética”.

E, claro, que quando se fala em tecnologia não se pode deixar de fora as tecnologias educacionais, mas especialmente a educação a distância. “O ensino a distância é realidade e existe no mundo inteiro. Mas, particularmente creio que o ensino presencial traz mais resultados. Mas, claro, que não abriremos mão dessas tecnologias, porque não podemos andar para trás. E a ideia é sim investir em toda forma de educação, seja ela a distância ou presencial”, afirmou o deputado.

Essa é a visão de Bira, que prima por uma formação intelectual e credível destas instituições, que terão que primar por conteúdos e metodologias apropriadas, com suporte pedagógico e tecnológico.