quinta-feira, 5 de maio de 2011

Beatificação de João Paulo II pode impulsionar turismo religioso em São Luís


No último domingo (01), o papa Bento 16 proclamou beato seu antecessor, João Paulo II, em uma solene cerimônia realizada na praça de São Pedro, no Vaticano. Cerca de um milhão de pessoas de todo o mundo participaram da celebração católica. O fato pode estimular muito o desenvolvimento do turismo religioso no Maranhão e tornar-se um novo produto turístico para a capital maranhense, visto que o papa João Paulo II –agora Beato Papa João Paulo II - celebrou uma missa no Papódromo, próximo ao Anel Viário, reunindo centenas de católicos.

A estrutura projetada especialmente para receber o pontífice foi abandonada ao longo dos anos. Hoje, o local está com rachaduras, paredes descascadas, não existem portas, a cobertura que abrigou o papa em 1991 já não existe mais e até árvores surgiram no local. O que mais chama a atenção de quem passa pelo Papódromo é a sujeira, são restos de comida, bebida e até fezes são vistos no interior da estrutura. Mas isso é por pouco tempo. Por conta da beatificação de João Paulo II, o assunto ganhou força na Assembleia Legislativa. O deputado Jota Pinto (PR), por exemplo, defendeu a possibilidade de transformar o local em santuário para atrair turistas e devotos como trecho de peregrinação. O parlamentar criticou ainda a falta de segurança no local e relatou a suspeita da presença de traficantes na área. Os deputados pretendem enviar ao executivo estadual um pedido para a criação do santuário.

Apesar das adversidades em relação à segurança, algumas pessoas freqüentam o espaço, algumas não têm onde morar e utilizam os abrigos próximos como casa, outras alimentam as lembranças de quando o pontífice esteve na capital maranhense. O soldador Pedro André Santa Cruz Mota, 27 anos, garante que o dia da missa ainda está nítido em sua cabeça. Ele tinha apenas 7 anos e participou da cerimônia com a mãe, o pai e mais quatro irmãos. “Deu muita gente, mas nós conseguimos olhar o papa”, conta com satisfação.

A espera e a dificuldade para encontrar um lugar no meio da multidão foi um sufoco para a família, compensado apenas com a emoção de participar da missa celebrada pelo papa, relata o fiel. Pedro considerou justo o processo de beatificação do papa. “Ele já era padre e foi um exemplo de vida. Fico triste quando penso que ele visitou este lugar, próximo ao Centro da cidade, e que hoje está assim”, lamenta.

Durante a visita à capital maranhense, João Paulo II passou por outros locais como o aeroporto de São Luís onde beijou o solo ao desembarcar da aeronave, um ritual repetido em várias viagens, e ficou hospedado no Seminário da Igreja de Santo Antônio, no Centro. Há cinco anos, quando o Santo Padre faleceu, os locais não contavam com nenhuma atenção especial para conservação.

Exposição pelos 20 anos da passagem


Os vestígios da passagem de João Paulo II por São Luís estão expostos no Museu da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, próxima à Praça João Lisboa, no Centro. São mais de 200 peças entre fotografias, objetos usados pelo papa, recortes de jornal, livros sobre o pontífice e até vídeos. O público em geral poderá conferir o acervo no horário das 14h às 17h. Com o título “Voltando com a Memória”, as peças da mostra poderão ser vistas até o dia 30 deste mês.

“O Frei José Rodrigues, diretor e criador do museu, foi o primeiro a coletar as peças e depois recebeu a ajuda dos outros frades. Foi assim que tudo foi adquirido. No começo, eu tinha apenas as fotos e documentos”, revela a curadora do museu, Iraci Soares Monteiro, 27 anos. Ela conta que a idéia de fazer a exposição surgiu após ler o testamento do papa onde o religioso registrou que os tempos voltariam somente através da memória. “Estamos fazendo o tempo da visita a São Luís voltar”, diz. A curadora ressalta que a exposição está vinculada à proposta da Semana Nacional de Museus que possui o tema Museu e Memória.

Entre as peças destaca-se a vestimenta eclesiástica utilizada pelo pontífice durante a missa em São Luís. Com as cores verde e branco, a peça está exposta ao lado de uma vitrine contendo objetos entregues pelo papa aos bispos durante a visita à capital. Com um brilho dourado, um crucifixo destaca-se das outras peças. O papa o deu de presente a Dom Paulo Pontes. O curioso é que um mês antes de sua morte, o Arcebispo Emérito de São Luís entregou o crucifixo para o Ministro Provincial dos Capuchinhos no Maranhão, Pará e Amapá e diretor do museu, Frei José Rodrigues.

Quem visitar a exposição contará com a explicação sobre momentos da passagem do papa e um pouco da história de vida do novo beato da igreja católica. No acervo documental recolhido no museu está presente o sermão proferido pelo papa quando esteve em São Luís. “Foi considerada a homília mais crítica que ele fez quando esteve no Brasil”, lembra Iraci. A curadora destaca a importância da exposição por ser uma forma de prolongar a memória para uma compreensão melhor do mundo.

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