Festejo religioso do povoado de Santa Clara é tradição em Humberto de Campos

Por: Paulo Melo de Sousa, da Redação

O Município integra a Mesorregião Norte e pertence à Microrregião dos Lençóis Maranhenses.

Humberto de Campos, a antiga Miritiba, está a 172 km da capital maranhense, e é alcançado após 3 horas de percurso, com estrada asfaltada. De lá, uma Toyota segue um caminho de areia até o povoado de Santa Clara, que também pode ser alcançado por via marítima através de pequenas embarcações. Ela também faz comentários importantes acerca do costume do lugar, como o preparo de um alimento, uma espécie de mingau à base do jatobá, planta que é encontrada em grande quantidade naquele ecossistema.

No povoado, a referência é dona Eliane Viana dos Santos, nascida e criada em Santa Clara, ou seu Evandro Viana dos Santos, 68 anos, também nativo do local, que informa que o nome primitivo do povoado era Porto do Meio, pois no início a área se tratava apenas de um rancho de pescadores, que executavam a salga do peixe no atual porto da cidade, localizado à beira de um braço de mar emoldurado por um bem preservado manguezal. Por conta da sua localização, bem no centro dos povoados de cedro e Areinha, além das cidades de Primeira Cruz e Humberto de Campos, a designação antiga se justifica. Os próprios moradores não sabem informar com precisão a razão da mudança do nome da cidade. De qualquer forma, o certo é que Santa Clara é a atual padroeira do local. Possui uma festa comemorada nos dias 11 e 12 de agosto e que, segundo alguns informantes, só perde em freqüência, no município, para a de Sant’Ana, realizada em Humberto de Campos.

Santa Clara tem cerca de dois mil habitantes, com 970 eleitores. Todos os caminhos parecem nos levar ao porto, e um passeio pela orla é um convite permanente à contemplação. Durante a festa, a população respira o milagre da multiplicação, não a dos pães, mas sim a de gente. Muitos romeiros são provenientes de São Luís, pessoas que nasceram lá e que anualmente retornam numa impressionante peregrinação para rever seus parentes e amigos, levando consigo seus descendentes. Uma das peculiaridades é um ritmo conhecido como averequete, que atiça a todos quando tocado, e que veio importado do Pará. A curiosidade maior é que a data da festa não é móvel, como em outros lugares. Sempre é comemorada nos dias certos, caiam eles durante a semana ou não.

No dia 11, logo cedo, o padre celebra missa e acontecem batizados, casamentos e outras solenidades, sempre no período da manhã. À tarde, a partir das 16 horas, são cantadas ladainhas e rezado o terço. Após essa atividade, acontecem leilões de “jóias” doadas pelos moradores. No dia seguinte, às 5 horas acontece uma “alvorada’. Diversos músicos veteranos se aglomeram em frente ao largo da igreja e tocam sob o estrépito de fogos e o repicar dos sinos. Uma hora depois, para recarregar as energias, é servido chocolate com bolo de tapioca ou trigo, dentre outros alimentos oferecidos pelos juízes. Finalmente, às 16 horas do dia 12, chega o ponto culminante do festejo, com a realização da procissão. Tendo à frente a imagem de Santa Clara, os fiéis carregam outras imagens em 5 andores com outras imagens de santos que percorre, as ruas do lugar. O cortejo reúne uma considerável multidão, com a presença de crianças e de adultos, muitos deles em pagamento de promessas feitas ao pé da santa. Após a solenidade religiosa, acontece, à noite, a festa dançante, animando os moradores e os visitantes.

No porto, é possível se vislumbrar, em frente, a Ponta de Santarém. Numa caminhada de cerca de uma hora se alcança a Praia do Cascalhinho, propícia ao banho. Dali também se pode atingir sem dificuldade as ilhas de Macacueira e Rosarinho, perfeitas para quem deseja usufruir do turismo ecológico ou de aventura. Santa Clara é uma grata surpresa nos inúmeros destinos turísticos disponíveis no Maranhão.