sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Turismo Histórico: o útil ao agradável

São Luís: pródiga quando o assunto é riqueza histórica
Muito se comenta sobre o desastre que é o turismo sexual. Algumas cidades brasileiras visualizando a produção de riquezas a partir do boom da exploração do turismo natural, não se aperceberam do perigo que a proposta trazia, e caíram na tentação, interessando-se, em muitos casos, apenas em atrair o maior número possível de turistas sem, contudo, observar a qualidade dos mesmos. O resultado deste, digamos, descuido é o comprometimento de uma parcela da juventude brasileira. Não queremos dizer que turismo natural seja sinônimo de turismo sexual. Não, não é isto. Apenas inferimos que a mesma é mais suscetível a estas e outras dificuldades (maior risco de degradação, sazonalidade, etc.), enquanto o turismo cultural, com destaque para o histórico, estaria mais para a mente que o corpo, atraindo um turista de comportamento mais sustentável (você pode tirar qualquer dúvida consultando as estatísticas da EMBRATUR). Para um país como o Brasil, que infelizmente ainda é visto lá fora, por muitos, como uma imensa floresta verde habitada por semi-selvagens (que somos nós – eu, você e os demais nacionais), com o corpo coberto de puro hormônio, esta modalidade de turismo é sempre bem-vinda.

São Luís, por seu turno, é pródiga quando o assunto é riqueza histórica. A capital timbira possui enorme diversidade cultural, pronta para ser racionalizada e explorada. A secular relação franco-maranhense, a presença holandesa e a colonização ibérica necessitam de estruturação e racionalização. O maior acervo colonial português das Américas, aliado ao toque refinado francês do século XIX, avalizado na famosa frase do viajante Paul Adam: La petite ville aux palais de porcelaine (A cidadezinha dos palácios de porcelana) é uma oportunidade que poucas cidades brasileiras possuem. Em uma eventual cosmificação (algo que foi transformado em Cosmo a partir do Caos) da história do Maranhão, o turismo natural participaria do produto turístico como oferta agregada. Com isto a capital gonçalvina atrairia um turista mais interessado em conhecimento, (em tese) mais comprometido com a comunidade local, e de comportamento mais sustentável, pois é assim que acontece em algumas localidades do Brasil como em Ouro Preto e nas Missões.

Reviver a história seria para o ludovicence uma busca aos áureos tempos de prosperidade, riqueza e abastança. Uma tentativa de recuperar o espírito liberal, empreendedor e cosmopolita que vigorou na belle epoque de São Luís novecentista. Afinal ainda estamos um pouco aquém dos nossos antepassados, pois eles souberam muito bem tirar proveito daquele momento agro-industrial-exportador, enquanto nos, timidamente ensaiamos os primeiros passos no setor de serviços e no turismo.

Trabalhar o turismo histórico é, dessa forma, para nós ludovicences, procurar entender os caminhos que levam uma cidade à riqueza e à prosperidade. Quando entendermos, será o útil ao agradável.

Autor: Antonio Noberto é bacharel em turismo e escritor. Colunista do Jornal Cazumbá. E-mail: antonionoberto@hotmail.com  

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