terça-feira, 16 de novembro de 2010

Não só de batucada vive a cultura maranhense

Na condição de jornalista que vive a cultura deste Estado, tenho plena consciência de que falta muito para o Maranhão atingir o patamar ideal de promoção e valorização da cultura local. Por isso, não poderia me furtar a emitir minha opinião num momento crucial em que se redesenha uma nova matriz administrativa para o Estado, com criação, fusão e extinção de secretarias, onde diversos nomes são colocados como prováveis titulares destas pastas.

É bem verdade, que muitas destas mudanças se faz necessária. Entre estas, está as que tratam a cultura, que tem que ser encarada como algo imprescindível para o desenvolvimento do Maranhão. A Secretaria de Cultura tem de fazer jus ao seu nome, deixar de ser do folclore e ser de fato Secretaria de Cultura. Para isso, é preciso a implantação de mais políticas públicas que contemple todos os segmentos artístico-culturais e não só os folguedos.

Vários nomes estão cogitados, entre eles o nome do atual secretário, Luís de Nazaré Bulcão, poeta, compositor, com uma larga experiência na área cultural, titular da pasta nos governo anteriores de Roseana e re-assumiu a pasta neste terceiro mandato da governadora.

Bulcão ao longo destes anos à frente da cultura tem se divagado em suas ações, traduzido em apoios para grupos carnavalescos e festividades juninas, em especial, os madre-divinos, esquecendo que o Estado é bem maior que o Largo do Caroçudo e que, não é só de Carnaval e São João que vive a cultura maranhense.

É bem verdade que muito se avançou na área cultural do Estado, mas os ganhos ainda são ínfimos, em se comparando com o potencial que temos. A ausência de políticas sólidas na área deu lugar a uma quantidade desenfreada de “baboseiras”, transvestidas de cultura em solo maranhense. Aqui não se vê festivais de música, poesia, peças de teatros, artes plásticas, produção fonográfica, entre outras, com a promoção, apoio e chancela do Estado.

O Maranhão se recente de espaços dignos para apresentações culturais e os que tem estão totalmente deteriorados e, ainda, não se tem uma agenda cultural permanente que contemple a arte como um todo durante todo o ano. Não se tem conhecimento de apoio a cultura além das fronteiras de São Luís. Secretaria de Cultura não tem estado presente no interior, além de apoios a blocos carnavalescos, esquecendo de apoiar as outras manifestações do interior, que estão relegadas ao esquecimento e total desamparo.

O novo secretário de cultura do Estado ou a recondução do atual secretário precisa entender que a cultura merece ter um debate sério, sem conotação pessoal ou político-partidária. Entendemos que essa discussão seja ampliada a toda sociedade e não fique restrita apenas a “pseudo-intelectuais” que entendem que cultura é juntar uma “meia dúzia” de pessoas, batucando pelas ruas de São Luís, com o rótulo de bloco carnavalesco ou de agremiação junina, que ao longo dos anos são os únicos privilegiados do reino, esquecendo esses senhores que cultura é um bem de todos e não se restringe às datas comemorativas ou apenas a determinados setores artísticos.

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