Desde a reforma da Praia Grande, no final dos anos oitenta do século passado, o Cine Praia Grande já passou por diversas fases, algumas boas, outras nem tanto. O local virou ponto de encontro de cinéfilos e de pessoas em busca de um entretenimento de qualidade. Aos poucos, esse importante espaço cultural, assim como tantos outros locais do Centro Histórico de São Luís, foi perdendo o glamour de outrora. Hoje, muita gente não freqüenta mais a Praia Grande, com medo de possíveis assaltos ou de serem importunados por hippies, desocupados ou bêbados pedindo esmolas. As autoridades deixaram a Praia Grande largada à própria sorte, sem uma política cultural adequada.
No momento, depois de passar um bom tempo fechado, o Cine Praia Grande reabriu as suas portas, mais uma vez sob a coordenação do competente cineasta e empresário Frederico Machado, uma boa notícia para quem gosta do ambiente da Praia Grande, não só pelos bons filmes que, com certeza, estarão disponíveis para os amantes do cinema, mas, também, pelo fato de se valorizar um ambiente importantíssimo sob o aspecto histórico e cultural da capital patrimônio da humanidade. A iniciativa é importante, e pavimenta o terreno para a realização de um dos maiores eventos culturais deste ano, o “Festival Internacional de Cinema Lume”, que acontecerá de 14 a 23 de julho, em São Luís, também articulado por Frederico Machado.
O evento pretende, dentre outras coisas, proporcionar o estímulo ao desenvolvimento da produção audiovisual local, promovendo o intercâmbio com a produção nacional e internacional através de mostras competitivas e paralelas, aquecendo o debate e a pesquisa sobre cinema, contando com a participação de cineastas e pesquisadores do ramo.
A reabertura do Cine Praia Grande aconteceu no último dia 10 de março, e contou com a presença de convidados ligados ao segmento cultural, espectadores antenados com a modernidade. O filme escolhido para o reinício das atividades do cinema foi "Tetro", de autoria do indiscutível Francis Ford Coppola. Um filme denso, trágico em sua temática amarga, ao revelar uma crua rivalidade familiar que culmina num final surpreendente, permeado por uma caprichada dramaturgia, filmado em preto e branco, evidenciando ao fim de tudo a marca da genialidade de Copolla ao fazer o máximo com o mínimo de recursos.
A película conta com uma bela fotografia, atuações competentes, roteiro intimista, fiel ao estilo do diretor de “O Poderoso Chefão”, “Tetro”, com as atuações impecáveis de Vincent Gallo no papel principal e Alden Ehrenreich, dentre outros, convence mesmo aqueles que torcem o nariz para temáticas tão áridas quanto as que são reveladas por tragédias familiares. O filme fica em cartaz até a semana que vem.
Parabéns aos responsáveis pela reabertura do cinema. Precisamos de mais fatos dessa natureza, que elevem a auto-estima do cidadão maranhense.
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