terça-feira, 8 de março de 2011

Intervenção equivocada no Centro de São Luís esconde pedras Lioz

Há pouco tempo, a prefeitura deu início a uma série de intervenções no Centro Histórico de São Luís, com a intenção de promover uma ‘requalificação’ física de várias ruas, notadamente aquelas que apresentavam problemas de escoamento de águas das chuvas, devido ao acúmulo de camadas de asfalto que estavam obstruindo o meio fio, praticamente unindo a rua às calçadas.

O serviço que foi feito retirou as pedras lioz, de origem portuguesa, que integram esses meios fios, seguido de retirada do asfalto excedente. Nesse espaço provocado pela retirada de material, os operários colocaram uma camada de cimento. No processo de retirada e de recolocação das pedras os seus locais de origem, várias delas foram destruídas durante o procedimento, muitas delas quebradas e algumas outras desviadas.

A intervenção poderia ser necessária, porém, a execução do procedimento foi bastante equivocado. Além da retirada do asfalto, as calçadas também foram refeitas com cimento. Em algumas ruas, por exemplo, como a rua de São João, que está sob a guarda do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - PHAN, o serviço não foi comunicado ao órgão, sendo executado sem a autorização devida, segundo informações de Kátia Bogéa, Superintendente do IPHAN/MA. Não bastasse isso, quando da conclusão das calçadas, o cimento cobriu o topo das pedras lioz, prejudicando assim a visibilidade das pedras, que conferem um charme todo especial ao conjunto, o que demonstra, no mínimo, uma grande insensibilidade para com a questão do patrimônio histórico.

Muitas das ruas do Centro de São Luís, como a rua do Pespontão, por exemplo, tiveram seu calçamento original em pedras cabeça de negro (hoje denominadas pedras pés de moleque, devido ao termo antigo ser politicamente incorreto), totalmente cobertas por asfalto. Há uns dois anos atrás, moradores do Beco da Bosta, também conhecido como Beco da Baronesa, impediram em manifestação pública o mesmo procedimento, e o calçamento antigo foi preservado no local. A rua Rio Branco, caso o asfalto seja retirado, já mostrará um outro período, quando os paralelepípedos começaram a ser utilizados.

Num procedimento de requalificação, o que a prefeitura deveria fazer era retirar o asfalto e recuperar o belo calçamento antigo das ruas de São Luís, como se pode ainda apreciar na rua de Santo Antônio e em algumas outras poucas que ainda sobrevivem no Centro Histórico sem a mazela do asfalto, cuja utilização destoa do contexto urbano de feição histórica colonial da cidade patrimônio da humanidade.

Essa seria uma boa sugestão de intervenção correta que poderia ser concretizada como ação de restauração visando melhorar de fato a cidade quando São Luís completar 400 anos, em 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário