sexta-feira, 4 de março de 2011

O caos da Biblioteca Pública Benedito Leite


No mês de setembro do ano passado, a Biblioteca Pública Benedito Leite completou 181 anos de existência. Criada no período imperial, precisamente no dia 29 de setembro de 1829, é considerada por muitos pesquisadores como a segunda biblioteca criada no Brasil e, oficialmente, foi aberta ao público no dia 03 de maio de 1831. O prédio atual, no estilo neoclássico, foi inaugurado em 1951 (anteriormente, funcionava onde hoje se localiza a Academia Maranhense de Letras, situada na rua da Paz), sendo definitivamente batizada de Benedito Leite em 1958, homenagem ao famoso político maranhense que foi governador do Estado.

A instituição se localiza no centro de São Luís, na praça do Pantheon, no antigo Largo do Ourique. O acervo da Biblioteca possui 127 mil volumes, dentre livros, revistas, jornais, fotografias, diários oficiais, obras em braile e folhetos, sendo que lá se abrigam também quase 10 mil obras raras e 2 mil manuscritos, exemplares dos séculos XV e XVI. É considerada a maior biblioteca municipal de todo o país. Atualmente, é um dos órgãos da Secretaria de Estado da Cultura, realizando atividades de incentivo à leitura, estímulo à escrita e apoio a trabalhos de pesquisa.

Referência cultural em todo o estado, a Biblioteca se encontra, no momento, interditada pela Defesa Civil desde o dia 7 de agosto de 2009, em virtude de comprometimento na sua estrutura física. As obras de recuperação foram paralisadas no atual governo, o que colaborou para piorar o quadro anteriormente existente. Desde a última reforma ali realizada, em 1996, o abandono do local se tornou marca da atual administração, que não conserva como deveria seus bens culturais.

Em frente à biblioteca, tapumes caindo aos pedaços causam indignação nos transeuntes e transtorno para quem trabalha próximo ao local, que virou banheiro público, com a fedentina de urina e fezes emporcalhando a área. No ano passado, alguns deputados fizeram uma visita ao prédio, e constaram as péssimas condições do mesmo. Foi encaminhado relatório ao governo do estado, que se comprometeu em elaborar um Projeto de Recuperação. O Secretário de Cultura do Estado afirmou que existiria uma dotação orçamentária para viabilizar a reforma do prédio. No entanto, o ocupante da pasta da cultura passou a bola para a Secretaria de Infraestrutura – SINFRA, alegando responsabilidade deste órgão em relação ao prazo para que a reforma aconteça e o prédio seja devolvido à comunidade.

Enquanto isso, pesquisadores acadêmicos e autodidatas estão sem trabalhar devido à interdição da biblioteca. Trabalhos universitários paralisados, estudantes sem acesso à informação, vestibulandos sem espaço para consultas, o caos. Cada vez mais, a população vem sendo prejudicada, já que falta de fato preocupação com a educação e a cultura. Lamentável.

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