quarta-feira, 25 de maio de 2011

Um pedaço do Benin no Maranhão

Exposição no Museu de Artes Visuais reafirma laços entre o país africano e o Maranhão.

Sessenta fotos, que traçam um paralelo entre os sacerdotes africanos e os chefes de terreiros do Tambor de Mina do Maranhão, podem ser vistas no Museu de Artes Visuais do Maranhão, localizado na Rua Portugal, no bairro Praia Grande. O trabalho é resultado de uma pesquisa realizada pelo fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos , que em companhia do antropólogo africano Hippolyte Brice Sogbossi, viajou ao Benin para uma documentação fotográfica sobre o cenário do culto aos voduns, conhecido como culto aos ancestrais mortos.

As fotografias apresentam uma viagem pelas cidades de Cotonou, Abomey, Allada, Ouidah, Cavali e Porto Novo, do antigo Daomé, hoje Benin e das Casas das Minas, terreiro vodum, fundado em São Luís do Maranhão, em meados do século XIX.

O projeto vencedor do Edital de Apoio à Produção Cultural/2008 da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão conquistou o 1º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras.

Márcio Vasconcelos é fotógrafo profissional independente e há mais de uma década vem se dedicando a registrar as manifestações da Cultura Popular e Religiosa dos afro-descendentes no Estado do Maranhão. Hippolyte Brice Sogbossi é beninense e radicado no Brasil há mais de 10 anos. Doutor em Antropologia Social e professor da Universidade Federal de Sergipe.

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No Museu de Artes Visuais, podem ser encontrados ainda azulejos, esculturas, pinturas e trabalhos artísticos de valor incalculável que ajudam a contar a história das artes no estado.

O acervo do Museu de Artes Visuais é composto por 122 peças, de 39 artistas plásticos brasileiros e também de estrangeiros. As obras foram adquiridas por meio de doações e aquisições estratégicas. As salas do museu separam as obras por temas. São seis sessões: Azulejar, Olhar de Mulher, Impressões Negras, Vistas e Paisagens, Abstraindo e Retratos.

Entre os azulejos, há exemplares do início do século XVIII, do século XIX e do século XX. São peças que representam a arte decorativa portuguesa e que ainda hoje revestem casarões do Centro Histórico, em São Luís. Elas registram características específicas entre as quais merecem destaque a riqueza cromática, a monumentalidade e a integração na arquitetura.

No museu também há telhas de louça, que eram colocadas no beiral das casas. Elas representavam o poder das famílias. O acervo também reúne exemplares de pinhas de porcelana. Produzidas em Portugal, elas ficavam geralmente no topo das fachadas e, assim como as telhas de louça, ostentavam a riqueza dos moradores do casarão.

Muitas esculturas enriquecem o acervo. São obras assinadas por artistas maranhenses e também de outros estados. Entre elas está a escultura “Dom Quixote”, do pintor Antônio Almeida, uma das peças mais lembradas quando se fala em arte maranhense.

Uma das pinturas mais raras é o quadro “Louvar a Natureza”, de Tarsila do Amaral, uma das figuras centrais do modernismo brasileiro. A gravura foi doada por Assis Chateaubriand, um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 e 1950. A ele também pertenceu outra obra da artista e que hoje pertence ao Museu de Artes Visuais. Pintada com nanquim sobre papel, a gravura “Natureza” também retrata a flora e a exuberância tropical, tema tão caro à pintora.

Outra obra de expressão que o museu abriga é o quadro “Composição com Bandeirinhas”, de um dos maiores representantes do movimento abstracionista no país, o italiano Alfredo Volpi. O painel pertence à fase das bandeirinhas – considerada sua marca –, a maior contribuição do pintor para a arte brasileira moderna.

No museu é possível encontrar quadros de um dos grandes nomes das artes plásticas maranhenses, Péricles Rocha. A “Carruagem de Ana Jansen”, 1994, da maranhense Dila, é outro quadro presente no museu. A pintura retrata a lenda com litografia aquarelada e tinta a óleo. Com obras em várias galerias do Brasil e do exterior, a pintora tem quadros no Museu de Arte Naïf de Max Fourny, em Paris, e no Museu de Arte de Bariloche, na Argentina.

Uma das salas do museu abriga um retrato de Teresa Cristina de Bourbon, a última imperatriz do Brasil, mulher de dom Pedro II. Apesar de a obra não ter autor conhecido nem registro de época, a peça chama atenção dos visitantes. O museu também mostra retratos de Assis Chateaubriand, pintado por Valente, e de Gonçalves Dias, retratado por Antônio Almeida.

Alguns quadros retratam o cotidiano social da vida maranhense, demonstrando problemas corriqueiros. A xilogravura “Super-herói” (1992), de Airton Marinho, mostra a violência urbana, por meio da imagem de um menino sendo espancado.

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