domingo, 21 de abril de 2013

Jornalista não é super-herói

PROFISSÃO PERIGO

Por Luiz Martins da Silva

A todo momento, em algum lugar do planeta, e não estou falando Planeta Diário, o jornal do Clark Kent, um jornalista é morto, amordaçado, preso ou intimidado, mas nem por isso patrões e empregados chegaram em algum lugar a negociar o óbvio: um seguro de valor significativo, e não apenas simbólico, para o profissional no exercício da profissão ou para a família, em caso de morte. Afinal, jornalismo é uma profissão de permanente risco, e não só em se tratando de situações limítrofes, guerras, áreas dominadas pelo crime etc.
O jornalismo padece de uma espécie de “espiral do silêncio”, por mais que existam relatórios de instituições, nacionais e internacionais. De maneira geral, a memória curta é inerente ao noticiário: a manchete de hoje é o esquecimento de alguns dias logo depois, mesmo que a notícia do dia seja a morte do repórter. Exceções: os que viram heróis e mártires, que passam a fazer parte de um panteão de mortos históricos, como o foram Joseph Fucik, na antiga Checoslováquia (torturado e morto pelos nazistas), Vladimir Herzog (torturado e morto pelo regime militar brasileiro pós-64) e Tim Lopes, no Brasil (torturado e morto por narcotraficantes, no Rio de Janeiro).
Definitivamente, jornalista não é super-herói, por mais que as lendas o digam. E, no Brasil, era de se supor que depois do martírio de Tim Lopes, da TV Globo, a lição estivesse aprendida, mas não foi o que aconteceu, pois as baixas se sucedem, das metrópoles aos sertões e, o que é lamentável, sempre caindo no esquecimento – como foi aquele obscuro caso do Décio Sá, no Maranhão, para ficarmos num exemplo mais recente. Mas, em Brasília, quem se lembrará de Mário Eugênio, o radialista que foi executado por policiais, por ter-se tornado desafeto do chefe deles?

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