sexta-feira, 7 de junho de 2013

Câmara marca posição na luta por compensações a atingidos pela Vale

Com o objetivo de demarcar uma posição do parlamento da capital maranhense quanto ao descaso da falta de investimento da Vale, antiga CVRD(Companhia Vale do Rio Doce) em São Luís e mais vinte e três (23) municípios atingidos pela atuação da mineradora no Maranhão, a vereadora Rose Sales (PCdoB) coordenou uma audiência pública na Câmara Municipal de São Luís, na manhã desta quinta-feira, (06), “para darmos uma demonstração de que a Vale não é maior que o povo do Maranhão, do que vinte e três gestores, câmaras municipais, e mais ao movimento Rede de Justiça dos Trilhos”, justifica a parlamentar comunista. A iniciativa faz parte da ação do COMEFEC(Consórcio dos Municípios da Estrada de Ferro Carajás no Maranhão) e visa discutir os encaminhamentos sobre as compensações sociais e ambientais, em favor dos vinte e três municípios afetados pela estrada de ferro da Vale no Maranhão.

Segundo a vereadora do PCdoB, “essa iniciativa num momento diferencial histórico-político do Maranhão, que vem somar esforços a voz dos movimentos sociais que ecoam pelo Maranhão pedindo justiça”. Lembra ela que a Vale tinha um fundo social destinado a todo município onde passasse, “e com a privatização ficou apenas R$ 85 milhões para ser gerido pelo BNDES, e onde ficam os investimentos sociais?” indaga a vereadora para acrescentar: “não queremos migalhas, pois antes tínhamos 8% e hoje nada, e nesses 30 anos o Maranhão tem perdido muito, pois acolheu de forma equivocada investimentos e empeendedores, o que só fortaleceu a prostituição, o subemprego, os choques ambientais e a pobreza só se ressaltou diante da riqueza”.

Ao dizer que “nós reconhecemos a pujança da Vale , não estamos desmerecendo e nem rechaçando, apenas queremos aplicação justa de investimentos, mas deixar claro que não estamos aqui para fazer patuscada”, Rose Sales enfatiza que “um outro detalhe é que não podemos deixar a área Itaqui-Bacanga um eixão de São Luís mais impactado não tenha retorno de investimentos”. Acrescenta ela “desejamos saber quem tanto protege a Vale para ela desrespeitar o Maranhão e a todos, não estamos colocando a Vale contra a parede, mas vai chega o momento dela tomar assento e dizer a que veio, e não só passar o trilho por cima e deixando a miséria embaixo”.

Riqueza versus pobreza – Tendo como a tônica de suas manifestações riqueza versus pobreza, seguiram-se oradores como Leôncio Lima, diretor administrativo do Comefec, apresentando uma mostra de slide sobre o histórico da Vale desde sua implantação até os dias atuais, deixando patente o que era mostrado como pretensão na sua chegada e a realidade atual. Logo após, o advogado Abdon Marinho, assessor jurídico do consórcio, fez uma abordagem sobre os enclaves econômicos, englobando a Vale, enfatizando que “nós devemos acordar para a luta e não aceitarmos que as empresas venham levem nossas riquezas e não deixem nada em troca, violando a cidadania com a Vale deixando s´o pó de ferro e doenças”.

Já o prefeito Raimundo Neto, do município de Tufilândia e vice-presidente do Comefec, falou que a estrada de ferro da mineradora passa em sua cidade pelo povoado Serra, “talvez o mais pobre do Brasil, onde cerca de 95% de suas casas são de taipa cobertas de palha, onde seus moradores vêem só a riqueza passar e os diretores da Vale não sabem que o lugarejo existe”.

A vereança – Ainda pela Câmara Municipal se pronunciaram os vereadores Ivaldo Rodrigues (PDT) e Professor Lisboa (PCdoB). O parlamentar pedetista lamentou da Vale ter proposto benefícios logo no início, quando de sua implantação, e da criação do Comefec, “que já começa vitorioso, como uma terceira via política para o Maranhão, na construção de unidade da causa maior dessa luta”. Por sua vez, o vereador comunista disse que “essa causa não é só dos vinte e três municípios, mas de todos que amamos nossa terra, e é hora de acordarmos dessa letargia de não ficarmos só vendo nossas serem levadas, mas invocar interesse de brigar e garantir vida saudável para nosso povo”. Representando o prefeito Edivaldo Holanda Junior, usou a tribuna do Legislativo Ludovicense o secretário Municipal de Meio Ambiente, Rodrigo Maia Rocha.

Também fizeram uso da palavra a senhora Isabel, como representantes da luta dos moradores da Vila Cristalina; Josuel Silvestre, liderança da comunidade da área Itaqui-Bacanga, que sugeriu ao Comefec para criar em sua estrutura comitês e grupos para discutir o modelo de desenvolvimento que desejam. Já Manoel Ferreira, um dos coordenadores da Bacia Itaqui-Bacanga e Associação dos Moradores da Salina do Sacavém, atribuiu a atual situação “ao desleixo das autoridades, e ao descaso do governo para com a vida das pessoas”.

As prefeitas – A prefeita Lidiane Rocha, do município de Bom Jardim, fez um rápido pronunciamento destacando a luta do Comefec, e aproveitou para fazer uma abordagem sobre a situação em que se encontra sua cidade, citando inúmeras mazelas como a prostituição, a pedofilia e pessoas com problemas pulmonares e outras doenças. A presidente do Comefec, prefeita Cristiane Damião, afirmou que “estamos na luta pela valorização do nosso Estado, do nosso solo e nosso território, onde a Vale faz sua logística sem deixar nada, a não ser seus erros, e para a luta contra toda esta situação é necessário a união de todos os segmentos nessa maior bandeira que já surgiu nesses cinqüenta anos”.

Ainda fizeram uso da palavras outras lideranças que participaram da audiência pública, que teve a Mesa Diretora composta pelos vereadores Rose Sales (PCdoB) – que presidiu o evento – Prof. Lisboa, Ivaldo Rodrigues (PDT), além do secretário Municipal de Meio Ambiente, Rodrigo Maia Rocha; Cristiane Damião, presidente do Comefec e prefeita de Bom Jesus das Selvas; Leôncio Lima, diretor administrativo do Comefec, e Manoel Ferreira, coordenador da Bacia Itaqui-Bacanga e Associação dos Moradores da Salina do Sacavém.      

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