quinta-feira, 16 de junho de 2011

Batalha diária e contínua



Por Damares Barbosa*

Amigos agente de viagens, jornalistas e todos os senhores que são direto ou indiretamente ligados ao turismo.

Quero expressar meu descontentamento de alguns bachareis em turismo e alguns professores que dizem que regulamentar a classe, não vai salvar a lavoura. Eles chegaram até afirmar que o Turismo é tão complexo e tão gigante, que acharam até uma piada, chegaram a acreditar que se todas as todas as atividades que um Turismólogo pode exercer fossem regulamentadas não haveriam outras profissões e, assim, deram boas gargalhadas.

Quero deixar bem claro que os que querem a regulamentação não choromigam. Eles querem seus direitos e isso se chama ser otimista. Acredite: você só se torna o que quer ser – não é simplesmente dizendo amém para alguns que não se orgulham e não têm amor pela profissão. Esses com certeza queremos distância.

Com certeza, esses não devem ter noção do quanto eu e outros que têm mais de 26 anos de turismo e que amam o que fazem, acham importante essa regulamentação. Vocês acham que uma classe unida, seja os agentes de viagens e outras áreas que envolvam o turismo, seja tão difícil de ser reconhecida? Não temos nem um valor por não sermos uma classe e uma categoria reconhecida. Na categoria somos "outros". É disso que vocês têm orgulho, amigos?

A prova está aí, não temos forças para nada, nem para lutar contra as companhias aéreas que vêm da Europa e nos oferecem 1% de comissão para vendê-las e elas economizarem em pessoal e, ainda, passarem suas promoções não inteligentes pela internet, fazendo dos pobres internautas seus escravos de madrugadas, ávidos pelas promoções. Elas têm que dar lucro para a telefonia também, pois os internautas ficam horas a espera e muitas vezes a economia de comprar o bilhete pela internet é não ter direito nem de ser reembolsado. Lembrem-se: a internet e a companhia aérea só ganham, além dos fidelidades e milhas da vida, que eles ganham dos passageiros através das compras nos cartões de crédito – onde o cliente compra até um chiclete para juntar milhas, mal sabendo que estão pagando juros e impostos em tudo que eles compram pelo cartão.

(...) Não me conformo com a ideia de certos turismólogos e professores do turismo dizerem que, realmente, isso não é importante. Vamos lá, desde quando os agentes de viagem com seus representantes Abav, Embratur, Ministério do Turismo ganham alguma coisa, quando protestam? (...) Que adianta termos tanto conhecimento, tentarmos com amor ajudar os
clientes nos piores momentos se, quando algo dá errado na viagem, chegam os bobos da corte e nos colocam de lado?

Ah, gente, tem dó! No jornal nacional de ontem, 15, o agente de viagem é útil para resolver problemas, como o do Aeroporto em Guarulhos, com relação às cinzas do vulcão. " O presidente da Abav/SP, Edmar Bull, recomendou: “O que a gente tem falado ao viajante é para entrar em contato com o seu agente de viagem e fazer uma boa negociação. Os hotéis estão perdendo, a companhia aérea, a agência e o receptivo estão perdendo. É preciso tentar fazer alguma transferência para agosto, setembro, ou mesmo janeiro e fevereiro, o que
sempre dá certo". E ele, Edmar Bull, que falou que "BERRAR" não é a única opção... Porém, na hora do problema, ele envia para nós agente de viagens, deixando claro, conforme Nelly Anidjar da Tournée Viagens e Turismo, que não somos cabras nem bois, somos humanos que pensamos e temos ideias.

É nessas horas que aparece quem é quem na história do Turismo e o quanto temos valor em ser uma categoria regulamentada (...) Somos mais de 4.600 agentes de viagens no Brasil. É pouco? Para que serve a Abav? Só para fazer cursos, é o mínimo que ela pode fazer. Nós pagamos não é? E o Sr. Carlos Alberto Ferreira, o que nos diz?

(...) Vou dar exemplos de duas classes que ninguém acreditava que elas poderiam ser uma categoria regulamentada e muitos até riam, porém através da união e otimismo, conseguiram vencer.

A classe das empregadas domésticas, com a lei nº 11.324 desde 19 de julho de 2006. Também poderia ser complexa, pois existem, além das empregadas domésticas, diaristas, jardineiros, babás e outros. Mas a complexidade não impediu de se unirem e formarem uma classe, com vez e voz: o sindicado é forte e já está na luta outra vez para melhorar ainda mais a legislação que ampara a classe.

A outra é a das prostitutas. O abolicionismo no Brasil adota esse sistema desde 1942, quando entrou em vigor o atual e antiquado Código Penal, em reforma há mais de cinco anos. Já no
Regulamentarismo, como diz a palavra, a profissão é reconhecida e regulamentada. Em dezembro de 2004, entrou no ar a versão on-line de um jornal voltado para prostitutas. Com periodicidade mensal, a publicação trazia reportagens sobre o dia-a-dia das profissionais do sexo e aspectos gerais de saúde, principalmente a preservação de doenças sexualmente transmissíveis e DST/HIV/AIDS. Hoje, o jornal recebe o apoio do Programa Nacional de DST e AIDS do Ministério da Saúde!

Uma organização de prostitutas com sede no Rio de Janeiro, da mesma forma que o tablóide, tem artigos e matérias que tratam de Direitos Humanos, Legislação e outros temas de interesses da categoria. Cerca de 70 entidades da sociedade civil que desenvolvem ações com a prostituição, distribuem o jornal gratuitamente em 17 estados.

(...) O movimento pela regularização da atividade de nossa classe, agente de viagens, começou em 1975, ainda no governo militar. De lá para cá foram muitos os embates, sem sucesso. A profissão esteve prestes a ser regulamentada por volta de 1994, mas o então presidente Fernando Henrique Cardoso vetou o projeto e continuamos com a lei 1830/99, de autoria da ex-deputada Maria Elvira. Daí por diante foram mudando o número das leis e seus novos autores e ela não foi aceito até hoje, porque "o empresariado e o trade, de maneira geral, são
radicalmente contra a regulamentação do exercício profissional turismólogo por engano. Eles acham que serão obrigados a engolir um turismólogo dentro de cada empresa. Não entendem a diferença entre reserva de mercado e regulamentação do exercício da profissão, que é
nossa única luta”.

"Era um projeto de quatro artigos, que não fazia mal a ninguém". Para nós, o que interessava era o artigo 1º, que reconhecia a nomenclatura de turismólogo para os bacharéis”, explica Fernandes Martins. Ele lembrava que no País, há cerca de 140 mil alunos matriculados em 752 cursos superiores de Turismo e Hotelaria – fora os já graduados. “Os alunos saem da faculdade sem saber o que são, para onde vão e onde podem atuar. Ninguém quer garantia de emprego,
queremos garantia de uma identidade profissional, que ela conste do Catálogo Brasileiro de Ocupação (CBO)”.

Agora, em 6 de maio de 2011, com a nova lei 290/01. Segundo o deputado Francisco Souza, o projeto tramita há 11 anos em Brasília e já foi aprovado em todas as comissões técnicas do Senado e da Câmara Federal, faltando apenas entrar na pauta de votação do Congresso e, a partir daí, virar lei". O deputado Francisco Souza afirmou também que as principais lideranças políticas da Região Norte e parte do Nordeste decidiram apoiar o senador Eduardo Braga na mobilização para levar o projeto ao plenário do Congresso. “Como se diz popularmente, a proposta está na boca do gol. Falta, portanto, chutar para consolidar a vitória”, afirmou o parlamentar.

E que os pessimistas e mal amados fiquem bem longe de nossa luta, pois não têm nenhum amor a profissão. Alguns têm como hobby, outros tem por herdar sem luta a empresa de turismo, outros por necessidade e, ainda, se deixam envenenar por aqueles que não têm a mínima dignidade de honrar um trabalho tão maravilhoso que é fazer idosos felizes, aproveitando a melhor idade; os casais viajarem em sua lua de mel e fazerem sua renovação de votos através das Bodas, com uma viagem inesquecível; facilitando a vida dos passageiros que viajam para lugares longínquo, avisá-los das mudanças de horários de vôos, marcar o
assento que desejam e pedir um cuidado especial para aquele viajante diretamente à companhia aérea; facilitar a vida e a jornada dos congressistas. É, assim, com muito amor, que deve ser o agente de viagem e futuro turismólogo que, em breve, será reconhecido. Sejamos
otimistas!!

Para nós turismólogos e agentes de viagem, estudar o Turismo é uma necessidade. Entendê-lo, um desafio. E, sermos reconhecidos como uma classe trabalhista, uma batalha diária e contínua.


Até breve, amigos.

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*Damares Barbosa é diretora/sócia administrativa da Assessoria Turística Évora

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