sexta-feira, 17 de junho de 2011

Políticos no fundo do poço


Por Chico Viana*

O senador Heráclito Fortes, do Piauí, infelizmente derrotado nas eleições do ano passado, quando alguém se referia que algo estava chegando ao fim do poço, ele redargüia. - É, mas sempre tem mola quando chega lá. E parece que tem mesmo.

E por mais que apronte a classe política, essa que faz a política menor, não confundir com a Arte Política maior de Platão que paradoxalmente, não acreditava na democracia, essa não chega nunca ao fim do poço, por mais que nele esteja e profundo vá.

Para ele, Platão, o ideal seria uma coletividade governada pelos líderes mais sábios, visto que os pensadores eram uma espécie de sócios humanos dos deuses, os únicos a entenderem os difíceis mecanismos da boa regência de tudo. Achava que a Política, com “P”maiúsculo mesmo, a boa condução dos homens em sociedade era uma boa arte que somente bem poucos a dominavam. Grávido de razão estava o filósofo.

Quanto à democracia, ele foi ratificado por Winston Churchill que admitia ser o pior dos regimes, mas reparava, “infelizmente não existe um melhor ainda no mundo”.
E o mundo está provando que a vida imita a arte e, a cada pesquisa de opinião pública, os políticos se tornam menos confiáveis aos olhos do povo.

A última, de uma pesquisa realizada pela GfK, 4ª maior empresa de pesquisa de mercado no Brasil e 4º maior grupo mundial do setor, realizada em 2010 comprova isso. De 16% de descrédito no ano anterior, despencou para 11%.

De vinte profissões e instituições pesquisadas ficou em último lugar e descendo. Só para registrar, as cinco primeiras foram respectivamente bombeiros (98%), carteiros (92%), professores do ensino fundamental e médio (87%), médicos (87%) e exército (84%). Os cinco últimos foram funcionalismo público (56%), policiais (51%), sindicatos (50%), executivos e bancos (47%), e, repetindo, políticos (11%).

No permeio destes extremos, temos as instituições religiosas, em 8º lugar com 70%, instituições de caridade, a seguir, com (68%), os juízes depois com (67%), profissionais de marketing em 11º, com (67%) e diretores de grandes empresas no 12º, com 64%. Jornalistas e advogados mantiveram-se equilibrados, com 76%, (6º) e 57% (13º), pela ordem.

O que se observa, é que algumas instituições ou profissões, procuram melhorar de conceito, mas a classe política “não está nem aí para a opinião pública” e dela se preocupa de quatro em quatro anos, respaldados, não em aprovação espontâneas, mas nos votos cegos, aqueles que vale quanto pesa, comprado no atacado por quem der mais ou tiver mais poder e, neste ponto vêm se dando muito bem, é só olhar a paisagem.

Estivessem preocupados com a opinião pública, os nossos deputados não proporiam esta imoralidade que, inclusive já se encontrou abrigo no Plano de Pronta Ação (PPA) como uma demanda a ser cumprida nos exercícios de 2012/2015, que é a criação de mais 105 municípios, na última contagem parcial, todo dia aparece mais um.

Cada deputado quer o seu município de algibeira devidamente guarnecido com as transferências federais: Fundo de Participação, SUS, Fundeb, Fundef, etc. Enfim, mil e um recursos que são a festa dos prefeitos corruptos. Isso sem falar nas famosas emendas parlamentares.

Não há a menor justificativa para o ato. É imoralidade mesmo.
Um Estado que tem 128 municípios com população entre cinco mil e 20 mil habitantes vai dividir o quê? Desmembrar para que, senão para atender interesses subalternos de seus patrocinadores?

A governadora se orgulha de em seu último governo, em que foi eleita pelo voto popular antes deste, haver criado 81 municípios e, pelo andar da carruagem vai criar os 105 ou mais pretendidos pelos nossos insaciáveis deputados.

Será que nesta divisão esdrúxula, vão entrar, pasmem, sete municípios com população abaixo de cinco mil habitantes, começando por São Roberto: 4.989 habitantes e terminando por São Pedro dos Crentes com 4.020 almas? Os outros são Nova Iorque (4.892), Nova Colinas (4.829), Sucupira do Riachão (4.675), São Raimundo do Doca Bezerra, este já vem com o nome do dono (4.502) e São Félix de Balsas (4,398).
Municípios com uma média de 2.500 a 3.000 votos. Incrível, famílias praticamente só de eleitores.
Estes, municípios, os menores do Maranhão, segunda dados da Transparência Brasil, (http://ma.transparencia.gov.br/municipios?) colhidos nesta semana, foram beneficiados em 2010, na rubrica “Convênios”, nas tabelas “Total de Ações de Benefícios Direto ao Cidadão” e “Total de Outras Ações”, um total geral de R$ 53.381,642,87.

São Roberto foi o mais beneficiado com R$ 8.449.503,68, Sucupira do Riachão foi o 2º com R$ 8.120.433,05 seguindo Nova Colinas com R$ 8.001.293,78; São Raimundo do Doca, com R$ 7.811.877,13, São Pedro dos Crentes R$ 7.766,638,28 e São Félix de Balsas R$ 1.6691.379,52.

Não é nada, não é nada, sem falar em outras transferências extraordinárias e das famosas emendas parlamentares estaduais e federais, cada município foi custou-nos na média, R$ 4.448.470,23 mensais, convenhamos, é dinheiro para qualquer algibeira. Fiquei pasmo, fiz e refiz os números e é isto mesmo.

Não é sem razão que o sonho de todo deputado, e até senador, é ser prefeito.
Incrível!!!

N.A: Nosso reconhecimento ao Dr. Paulo Roberto Barbosa Ramos, 11ª Promotoria de Justiça de Defesa do Idoso, que sem alardes, sem medo, nem imprensa à tira colo, vai agindo.

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*Chico Viana é médico, jornalista e vereador de São Luís pelo PSDB

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